Profissão Repórter mostra impactos dos cortes em três universidades federais

UFBA, UFRB e Unifesp já sentem os efeitos dos cortes de recursos para custeio e investimentos e de bolsas da Capes

 

Após os cortes do MEC, equipes do programa Profissão Repórter foram a três universidades federais para conversar com professores e alunos sobre os impactos da redução de verbas nas pesquisas e no ensino: Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O bloqueio atinge todas as 63 universidades federais do país. Após o primeiro protesto nas ruas, no dia 15 de maio, o governou anunciou a suspensão de um segundo corte, no valor de R$ 1,5 bilhão. Mas o primeiro bloqueio, de R$ 5,8 bilhões, foi mantido, o que inviabiliza o funcionamento das instituições. Estudantes e professores voltaram às ruas para protestar novamente no último dia 30.

Na UFBA, que é a maior universidade do Nordeste, funciona o laboratório que foi o primeiro do Brasil a isolar o vírus da zika, em abril de 2015. Com isso, as pesquisas feitas no Instituto de Ciências da Saúde da instituição ficaram conhecidas internacionalmente.

 

No dia da gravação do programa, os pesquisadores tiveram que resolver um problema urgente: um freezer quebrado fez alunos e professores passarem amostras usadas em pesquisas de virologia para outro local. Segundo o pesquisador Gúbio Soares, o conserto do freezer deve custar em torno de R$ 19 mil, mas não há verba para isso. “É um problema gravíssimo, porque são amostrar de anos e fica o desespero de tentar realocar esse material em outro lugar”, afirma a coordenadora do laboratório de Virologia da UFBA, Silvia Sardi. 

Na UFRB, onde 70% dos 12 mil alunos têm renda menor que um salário mínimo por mês, o corte de verbas prejudica, por exemplo, os alunos do curso de educação no campo. Eles precisam passar dois meses na cidade e dois meses no campo aplicando o que aprenderam. Cerca de 100 alunos dependem do alojamento na cidade de Amargosa – com o corte de verbas, o aluguel do prédio onde se hospedam, cerca de R$ 9 mil mensais, pode ser uma das despesas suspensas.

Na Unifesp, que tem 11 mil alunos e seis unidades na Grande São Paulo, muitas pesquisas vem sendo afetadas pelos cortes de bolsas da Capes. Na terça-feira (4), o governo anunciou novo corte de 2.700 bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado de cursos com baixa avaliação, que elevou o número total de bolsas cortadas a 6.198.

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