Resolução sobre reposição de atividades na UFSC sai em até três dias

Conselho Universitário deliberou pela criação de um Grupo de Trabalho que vai unir propostas da reitoria e dos estudantes 

Em sessão extraordinária aberta realizada na tarde desta segunda-feira (30), o Conselho Universitário (CUn) decidiu pela criação de um Grupo de Trabalho que vai formular uma resolução normativa sobre a reposição das atividades de ensino, de Graduação e Pós-Graduação, em virtude da greve estudantil. 

Mais de 1300 estudantes ocuparam o auditório Garapuvu durante a reunião que foi convocada pelo reitor Ubaldo Balthazar justamente para tratar desse assunto. Duas sugestões de textos para a resolução foram apresentadas na sessão de hoje – uma da reitoria e outra do Diretório Central dos Estudantes. O GT terá de apresentar um documento único, em até três dias úteis, que respeite as duas minutas que foram aprovadas hoje. 

 O Grupo será composto por dois membros do CUn — Prof. Daniel Castelar (representante da Câmara de Graduação – CGRAD) e Prof. Oscar Bruna-Romero (representante do Centro de Ciências Biológicas – CCB), dois membros do corpo estudantil — Marcos Antônio Pinheiros (representante do DCE) e Flávia Aline de Oliveira (representante da APG), e dois membros da Reitoria — Prof Áureo Mafra de Moraes (Chefe de Gabinete) e Prof. Pedro Luiz Manique Barreto (Pró-reitor de Assuntos Estudantis – PRAE). A votação se deu após a avaliação de que as propostas de minuta não se contrapõem, mas se complementam.

Em comum, as propostas apresentam que a resolução passe a ser válida apenas após o encerramento da greve. Pelas propostas, caberá aos Colegiados de Curso pensar um cronograma para reposição das atividades. E haverá a garantia de que as aulas em campo sejam reprogramadas, assim como as atividades avaliativas. A minuta apresentada pelos estudantes trata diretamente sobre a garantia da manutenção de bolsas auxílio aos estudantes, além de um período para preparação para avaliações.

O reitor falou sobre o período de instabilidade política, institucional e econômica, com reflexos diretos e graves no cotidiano da instituição. “É na academia que reside a resistência, a crítica, a defesa dos legítimos e mais genuínos interesses da nação. E é ela, portanto, o alvo principal das medidas que buscam nos desqualificar, atribuindo práticas que não nos pertencem, e atos que não combinam com nossa essência”, afirmou. Ele destacou também que os estudantes são os protagonistas dos momentos mais intensos em defesa da democracia, das liberdades e garantias individuais, do direito ao pensamento liberto e à vida.

Sendo o primeiro dos inscritos fora do Conselho a se pronunciar, o presidente da Apufsc, Bebeto Marques, reforçou que “os estudantes estão pedindo pela reposição dos conteúdos e, a partir disso, o abono de faltas”. Após falas de membros do CUn prezando pela liberdade individual, Bebeto lembrou que a greve por si é uma ruptura com a normalidade. “A liberdade se põe pelo interesse público”, afirmou. Ainda que um membro do Conselho tenha sugerido a participação da Apufsc na composição do GT, Bebeto sugeriu que a discussão deveria ser feita pelos próprios membros do conselho, e não por representantes de entidades. 

Ao fim da assembleia, o Prof. Bebeto reiterou a importância de conduzir todo o processo com transparência e ressaltou que o encaminhamento pode enfrentar dificuldades, uma vez que as duas resoluções propostas apresentam diferenças entre si. “Esperamos sempre que os professores compreendam o papel importante dos estudantes que devem merecer a devida atenção”, complementou.

 


Ilana Cardial

Fotos: Ilana Cardial e Victor Lacombe