Em Florianópolis, Marcha pela Educação reúne mais de 3 mil pessoas

Docentes, estudantes e servidores técnico-administrativos protestaram pelas ruas do centro
Manifestantes atravessando a Avenida Mauro Ramos
Manifestantes atravessam a Avenida Mauro Ramos
Foto: Vinicius Claudio / Imprensa Apufsc

Da Catedral Metropolitana, entre 3 mil e 5 mil pessoas iniciaram a Marcha pela Educação e Ciência. Estudantes, professores e funcionários técnico-administrativos protestaram contra o bloqueio orçamentário deste ano e do próximo e contra o projeto Future-se, que ameaça a autonomia das universidades. A manifestação começou às 17h no Largo da Catedral e teve duração de aproximadamente três horas. As avenidas Mauro Ramos e Hercílio Luz estiveram na rota da passeata, encerrada no Terminal de Integração do Centro (Ticen). O grande ato marcou o fim da paralisação de 48 horas, que teve início nesta quarta-feira (2), e contou com manifestações em pelo menos 20 estados e Distrito Federal.

No carro de som que acompanhou a manifestação, o diretor de Comunicação e Imprensa da Apufsc, Eduardo Meditsch, destacou as atividades da UFSC na Catedral, iniciativa que levou projetos da universidade para o centro da cidade durante os dois dias de paralisação, e a importância desta mobilização nacional. “Esperamos continuar ampliando esse movimento até a vitória, para reverter esses cortes e barrar esse infeliz projeto que é o Future-se, que ameaça o nosso futuro.” 

O ato unificado foi conduzido por uma série de entidades: Apufsc, Diretório Central dos Estudantes da UFSC (DCE), Associação de Pós-Graduandos da UFSC (APG-UFSC), União Nacional dos Estudantes (UNE), União Catarinense das e dos Estudantes (UCE), Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinte), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Em frente à Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), o discurso foi de apelo aos parlamentares para que se sensibilizassem com a pauta da Educação. O protesto foi pacífico, com o acompanhamento da Polícia Militar que apenas atuou no bloqueio e orientação do trânsito.

Concentração no Largo da Catedral, no centro de Florianópolis
Foto: Vinicius Claudio / Imprensa Apufsc

No meio da multidão 

Dentre os manifestantes, estava Tatiane de Andrade Maranhão. Graduada, mestra e doutora pela UFSC, atua como professora no departamento de Química há seis anos. “Minha paixão pela Ciência foi fomentada pela UFSC, que me deu toda estrutura pra conhecer essa ciência e me aprofundar nela”. A docente lamenta a falta de perspectivas para os atuais e futuros estudantes, que talvez não tenham oportunidades como as que ela teve. “A gente, que vê o futuro do país na educação, ciência, pesquisa e extensão, vai lutar para que a educação seja vista como um investimento, não um gasto”.

Integrante da APG, Tiago Salgado também tem sua trajetória do ensino superior realizada na UFSC. Em 2007 passou a fazer parte da comunidade acadêmica. Após concluir a graduação e o mestrado na instituição, no primeiro semestre deste ano Tiago iniciou seu doutorado em Educação. “A situação de boa parte dos pós-graduandos é conciliar o trabalho com a pesquisa. No caso da educação, ainda temos a dupla ou até tripla jornada”, afirma o estudante. Dentre suas principais críticas, está a liberação de verbas “a conta gotas”, que, segundo ele, pode pressionar as universidades para que, sem recursos, se vejam obrigadas a aderir ao programa Future-se.

Vinculada há 40 anos à universidade, a professora aposentada de Administração e integrante da diretoria da Apufsc, Edinice Mei Silva vê o movimento como típico do século XXI. “No século XX, todas as greves foram em defesa da carreira, do salário… Essa é a primeira paralisação, de fato, em prol da Educação como um todo”, destaca ela. A professora relembra a importância de aposentados no movimento pela educação. “O corte é do orçamento do MEC e eu continuo vinculada ao MEC”, afirma. 

A marcha que encerrou os dois dias de paralisação reuniu estudantes da graduação e pós, professores da ativa e aposentados, técnico-administrativos, estudantes secundaristas do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).

Na UFSC, os estudantes estão em greve desde o dia 10 de setembro por tempo indeterminado. Nesta semana, R$ 21 milhões foram liberados pelo Ministério da Educação para a UFSC. Com R$ 22 milhões ainda bloqueados, a verba é insuficiente para concluir o ano letivo.

Por Ilana Cardial