Núcleo da UFSC analisa medidas econômicas do governo frente à pandemia do Covid-19

Doutor em Economia, Lauro Mattei avalia que Governo Federal “demorou muito” e “tem que sair do anúncio”

Em estudo publicado pelo Núcleo de Estudos da Economia Catarinense (Necat), o doutor em ciências econômicas, Lauro Mattei, analisa as respostas do Governo Federal à pandemia de coronavírus. Conforme o professor da UFSC e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober), as ações são lentas e insuficientes. Ele defende uma linha de atuação diante da crise.

O professor, que assina os cinco artigos que compõem esse material, introduz que essa nova crise é bem distinta das anteriores, uma vez que aquelas eram derivadas do próprio funcionamento das estruturas econômicas. “Agora as sociedades estão enfrentando uma crise sanitária de proporção global que, além de ceifar vidas em todos os lugares, tem causado impactos negativos expressivos na economia de todos os países”.

Como a economia brasileira já vinha enfrentando dificuldades desde 2015 e diante dos fatos novos, o professor entende que “o governo federal precisa atuar rapidamente em três frentes essenciais: garantir a solvência das empresas (sobretudo do capital de giro) para que elas continuem funcionando; garantir a manutenção dos níveis de emprego e de salários dos trabalhadores; e atender aos segmentos mais vulneráveis da população que, além de excluídos economicamente, estão mais expostos à própria epidemia”.

Para Mattei, a maioria das medidas até agora anunciadas pelo governo brasileiro, além de tímidas e pouco eficientes para enfrentar as três dimensões citadas, estão demorando muito para serem implementadas, o que poderá levar a um caos social caso a Covid-19 avance mais rapidamente. “De um modo geral, chega-se à conclusão que o governo não tem um Plano de Ações organizado e articulado para amenizar os efeitos da pandemia nas atividades econômicas”, acrescenta.

” O governo demorou muito para entender que as reformas estruturais tinham que ser deixadas de lado e começar a implementar medidas emergenciais. Não sou eu que estou dizendo, é o Banco Mundial, FMI, OCDE, são os organismos internacionais estão dizendo que o momento é para política emergencial. Ela tem que ser feita pelo Estado. Essa é uma crise de intervenção do governo. Nós temos um problema de natureza política que interfere na questão econômica e faz que com as medidas anunciadas até agora, além de serem pífias, estão muito lentas”, afirma Mattei.

Formado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Santa Catarina, Lauro Mattei tem especialização em Políticas Públicas pela Universidade do Texas, doutorado em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas e pós-doutorado pela Universidade de Oxford. Atualmente é professor titular com atuação no curso de graduação em Ciências Econômicas e no programa de pós-Graduação de Administração da UFSC.

Fonte: Notícias UFSC e NSC Total