Isolamento vertical é quase tão ruim quanto isolamento algum, diz estudo da UFMG

Estudo aponta que método só seria melhor do que um cenário onde não há qualquer tipo de isolamento

O isolamento social vertical é ineficaz e só não é pior do que um cenário onde não há qualquer tipo de isolamento para combater o coronavírus. Essa foi a conclusão de um estudo conduzido pelo Grupo de Trabalho (GT) Covid-19 da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e publicado neste mês.

Para comprovar a tese, a pesquisa realizou diversas simulações numéricas e constatou que, no caso do isolamento vertical, com a redução em até 15 vezes do contato social, na análise apenas da cidade de Belo Horizonte, 200 mil pessoas com idade acima dos 60 anos poderiam ser infectadas pela Covid-19, em até 30 dias após o início da epidemia.

A alta acarretaria uma elevação na demanda do serviço de saúde pública da capital, sem que existam leitos suficientes para toda a procura. Também nesse cenário, a pesquisa aponta que, no mesmo período analisado – considerando que a capital mineira possui cerca de 2,5 milhões de habitantes –, o número total de infectados alcançaria 600 mil pessoas.

Analisando o cenário onde não há qualquer tipo de isolamento, a pesquisa diz que pelo menos 750 mil pessoas seriam infectadas em 30 dias após o início da epidemia, sendo que, desses, 300 mil seriam idosos. Já na aplicação do modelo de isolamento social horizontal, que tem sido adotado pela maioria dos Estados e municípios, o estudo aponta que a curva da doença não apresentaria dimensões significativas nos primeiros 120 dias de simulação e que o número de infectados só passaria a ser significativo após 16 meses do início da epidemia.

“Nós mostramos que esse tipo de estratégia (isolamento vertical) não vai dar certo. Primeiro porque as pessoas com idade abaixo de 60 anos também são atingidas. Mesmo pessoas jovens podem morrer, não é só acima de 60 anos. Outra coisa: a gente não consegue fazer o isolamento perfeito. Isso porque os idosos precisam de auxílio, precisam ser alimentados, ter contato com os mais jovens. O que existe é uma redução do contato social, não há isolamento perfeito”, explica o professor do Departamento de Estatística da UFMG, Luiz Henrique Duczmal.

Leia na íntegra: O Tempo