Weintraub quer retomada das aulas e diz que pessimistas não podem ganhar o jogo

Ministro garantiu que o Enem não corre riscos: ‘É de novo a turma do terrorismo, que quer destruir as famílias, quebrar as expectativas’

O ministro da educação Abraham Weintraub se disse otimista com a retomada das aulas em todo o país e garantiu que o ano letivo dos estudantes não será perdido. “Acho que vamos retomar as aulas em breve, nas próximas semanas, e com isso dá tempo sim de salvar o ano letivo. Não podemos deixar os pessimistas e terroristas de plantão, aquele pessoal que está sempre torcendo pra tudo dar errado, ganhar o jogo”, declarou no primeiro episódio do programa “Conversa com o Ministro”, lançado pela rádio do Ministério da Educação na quarta-feira 22.

Em meio à pandemia do coronavírus, o governo Bolsonaro suspendeu, via medida provisória, a obrigatoriedade das escolas cumprirem os 200 dias letivos este ano, mas manteve a obrigatoriedade do cumprimento da carga mínima anual de 800 horas no ano letivo para unidades de educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), como prevê a Lei de Diretrizes e Bases (LDB). O texto da MP, no entanto, não detalhou como estados e municípios operarão para garantir a aplicação dos conteúdos o que, segundo especialistas, pode aumentar as desigualdades educacionais.

Especialistas veem alguns cenários preocupantes, como a possibilidade das atividades serem aplicadas como complementares, em finais de semana ou feriados, estender a educação em tempo integral, concluir o ano letivo em 2021, ou priorizar atividades de educação a distância sem prever a realidade dos estudantes.

Weintraub, no entanto, acredita que a flexibilização funciona. “Flexibilizamos os 200 dias letivos, mas mantivemos a carga horária, isso é, o professor, o secretário, o diretor da escola, tem flexibilidade para adaptar o que ele tem que passar para os alunos de acordo com o cronograma que resta”.

Ao programa, o ministro também falou sobre a distribuição da merenda escolar aos estudantes da rede pública durante a quarentena e criticou o isolamento adotado por alguns estados e municípios. “O presidente Bolsonaro autorizou a distribuição dos alimentos que deveria ser oferecida na merenda para as crianças. Sabemos que tem muita criança que precisa da merenda para se alimentar, uma refeição importante. Ainda mais com essa quarentena feita de forma precipitada por alguns governadores. Muita gente que era classe média, nunca passou necessidade, hoje em dia está passando sim, marceneiro, encanador, mecânico, barbeiro, nunca passou fome, nesse momento está passando necessidade. Queremos retomar as aulas, mas estamos muito preocupados com essa situação gerada pela quarentena que foi imposta por muito estados e alguns municípios”, declarou.

Segundo levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), os 27 estados do País suspenderam as aulas presenciais devido á pandemia do coronavírus. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou, na quarta-feira 22, que apresentará em dez dias o plano de reabertura dos colégios do estado. A retomada, afirmou o governador, será feita pelos estudantes do Ensino Médio por serem mais maduros e seguirem as regras de higienização com mais facilidade. Rocha esteve com o presidente Jair Bolsonaro e chegou a ventilar a ideia de fazer a retomada pelos colégios cívico-militares da região. Para Ibaneis, o plano de retomada é possível porque os índices de coronavírus estão dentro da normalidade no estado. O DF tem 946 casos confirmados e 25 óbitos, de acordo com o último levantamento do ministério da Saúde. O índice de letalidade local é de 2,6%.

Weintraub também voltou a afirmar que o Enem deste ano está mantido. Na quarta-feira 22, o Inep anunciou o adiamento da versão digital, que seria realizada nos dias 11 e 18 de outubro para os dias 22 e 29 de novembro. A aplicação da prova impressa permanece prevista para 1º e 8 de novembro. “Vai ter Enem. Nós aqui no MEC não paramos, a prova vai estar pronta. Se cair um meteoro na terra em junho, a gente analisa e vê se é o caso de adiar. Por enquanto, é de novo a turma do terrorismo, que quer destruir as famílias, quer quebrar as expectativas, deixar todo mundo sem esperança. Daqui a algumas semanas vai passar a quarentena, a vida volta ao normal, volta a estudar, porque no final do ano vai ter Enem, sim senhor”, disse ao ser questionado o que orientaria aos estudantes nesse momento.

Carta Capital