Pesquisa pós-pandemia deve privilegiar ciência aberta, avaliam especialistas

Crise da Covid-19 mostra modelo tradicional de comunicação científica como entrave para o desenvolvimento da pesquisa

A emergência sanitária causada pela Covid-19 resultou em uma inédita mobilização internacional de cooperação científica. Ela começou em janeiro, quando pesquisadores chineses publicaram o sequenciamento genético do novo coronavírus (Sars-Cov-2) no GenBank, uma base aberta de dados de DNA mantida pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH). Desde então, o compartilhamento de dados sobre a doença se multiplicou exponencialmente, com contribuições de laboratórios do mundo inteiro.

A maior parte dessas publicações foi feita em bases abertas, como bioRxiv e medRxiv, voltadas à divulgação de preprints, como são chamados os artigos com resultados preliminares e que não passaram por revisão por pares. Para não ficar de fora da produção em massa de estudos sobre a Covid-19, periódicos tradicionais abriram seus repositórios para manuscritos não revisados e liberaram o acesso de suas publicações sobre o tema.

Para entender se a ciência aberta será o “novo normal”, o Direto da Ciência conversou com Abel Packer, diretor do Programa SciELO (Scientific Electronic Library Online), um dos principais incentivadores do modelo aberto no país. Também foi entrevista Bianca Amaro, coordenadora-geral de Pesquisa e Manutenção de Produtos Consolidados do Ibict (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia), um órgão do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que tem como uma de suas funções a promoção da ciência aberta no Brasil.

Os dois pesquisadores são bastante enfáticos: sem a ciência aberta, seria impossível combater o novo coronavírus. Para eles, uma doença desconhecida de rápida propagação requer uma produção de conhecimento igualmente ágil e disseminada.

“O movimento de abertura da ciência é inexorável, e a crise da Covid-19 acelerou notavelmente essa tendência”, declara Packer. “Crises mundiais terminam por revelar de forma clara e inequívoca que o modelo tradicional de comunicação científica representa um entrave para o desenvolvimento da ciência em todas as áreas do conhecimento”, afirma Amaro.

Leia na íntegra: Direto da Ciência