Apesar da decisão da OMS, Ministério da Saúde manterá orientação sobre cloroquina

Secretária diz que estudos que apontam riscos não são suficientes para a pasta rever sua posição

Apesar de pesquisas internacionais recentes apontarem riscos no uso de cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes com coronavírus e de a OMS (Organização Mundial de Saúde) ter suspendido um estudo com o remédio em andamento por questões de segurança, o Ministério da Saúde manterá as orientações que ampliam o uso do medicamento.

A declaração foi dada pela secretária de gestão em trabalho na saúde, Mayra Pinheiro, que coordenou a elaboração do documento que ampliou, na última semana, a possibilidade de uso do medicamento no Brasil para pacientes em todos os estágios da Covid-19, mesmo sem comprovação científica de eficácia.

“Estamos muito tranquilos e serenos em relação a nossa orientação”, disse Pinheiro, nesta segunda-feira (25). 

“Ela segue uma orientação feita pelo Conselho Federal de Medicina que dá autonomia para que os médicos possam prescrever essa medicação para os pacientes que assim desejarem. Isso é o que vamos repetir diariamente. Estamos muito tranquilos a despeito de qualquer entidade internacional cancelar seus estudos com a medicação, estudos de segurança”, afirmou. “Não haverá qualquer modificação na nota que foi feita.”

Mais cedo, a OMS informou que suspenderá os estudos com a hidroxicloroquina e reavaliar sua segurança antes de retomá-los.

Nos últimos dois meses, a organização vinha coordenando em 18 países o estudo internacional Solidarity para avaliar a segurança e a eficácia de diferentes drogas no combate ao coronavírus: além de hidroxicloroquina, estão sendo testados cloroquina, remdesivir, lopinavir com ritonavir e esses dois medicamentos associados com interferon beta-1a.

Na última sexta, porém, a revista científica inglesa The Lancet publicou pesquisa feita com dados de 96 mil pessoas internadas com Covid-19 em 671 hospitais de seis continentes que aponta que o uso de hidroxicloroquina e cloroquina estava ligado a maior risco de arritmia e de morte em comparação com pacientes que não usaram os medicamentos.

O trabalho, feito por autores de universidades como Harvard (EUA) e Heart Center (Suíça), também não mostrou eficácia no uso das drogas após o diagnóstico de Covid-19.

A situação levou a OMS a anunciar que iria suspender o ramo que pesquisa a hidroxicloroquina, por precaução.

Pinheiro, porém, disse que o ministério não vê motivos para rever o documento que ampliou a indicação de uso da cloroquina.

Leia na íntegra: Folha