Universidade brasileira relata tratamento que elimina HIV de paciente

Estudo da Unifesp é apresentado nesta terça-feira, 7, no principal congresso sobre Aids do mundo

Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) realizaram um estudo em escala global com pessoas infectadas pelo HIV e conseguiram eliminar o vírus do organismo de um paciente. A pesquisa será apresentada nesta terça-feira, 7, na 23.ª Conferência Internacional de Aids, o maior congresso sobre o tema do mundo.

De acordo com a universidade, os resultados representam mais um avanço nas pesquisas que, um dia, podem levar à descoberta da cura da aids. Este é o terceiro caso na história em que a eliminação do HIV é descrita. 

Coordenada pelo infectologista Ricardo Sobhie Diaz, a pesquisa da Unifesp contou inicialmente com 30 voluntários que apresentavam carga viral do HIV indetectável no organismo e faziam tratamento padrão com coquetéis antirretrovirais. Eles foram divididos em seis grupos e cada um recebeu uma combinação de medicamentos, além do tratamento padrão.

O grupo que apresentou melhor resultado recebeu dois antirretrovirais a mais que os outros: uma droga mais forte chamada dolutegravir e o maraviroc, que “força” o vírus a aparecer, fazendo com que ele saia do estado de latência, uma espécie de esconderijo no organismo. Ainda segundo a Unifesp, outras duas substâncias prescritas potencializaram os efeitos dos medicamentos, a nicotinamida e a auranofina.

A nicotinamida foi capaz de impedir que o vírus se escondesse nas células e a auranofina, um antirreumático, teve potencial para encontrar a célula infectada e levar o vírus à morte, segundo relatou a Unifesp, em 2018, na revista Entreteses.

A Conferência Internacional de Aids é organizada pela Sociedade Internacional de Aids (International Aids Society, ou IAS, em inglês) a cada dois anos e tem apoio do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids). O evento, que debate descobertas científicas sobre o HIV no mundo todo, ocorreria neste ano em San Francisco, nos Estados Unidos, mas será realizado de maneira virtual por causa da pandemia.

A pandemia do coronavírus também está afetando a distribuição de medicamentos para pacientes do HIV ao redor do mundo. Nesta segunda-feira, 6, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que 73 países alertaram que correm o risco de ficar sem antirretrovirais. Vinte e quatro países relataram que estão com baixo estoque e sofrem com interrupções no fornecimento desses medicamentos que salvam vidas.

Leia na íntegra: Estadão