Proifes discute carreira docente, reforma administrativa e desafios da Ciência e Tecnologia em 16º Encontro Nacional

Evento virtual contou com três dias de debates, organizados em cinco eixos temáticos

O Proifes-Federação (Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico) realizou na última semana, entre 4 e 6 de novembro, seu 16º Encontro Nacional, em que reuniu 160 convidados, delegados e representantes de sindicatos federados de todas as regiões do país. Ao longo dos três dias de evento, que ocorreu integralmente de forma online neste ano, foram discutidos temas divididos em cinco eixos principais, anteriormente debatidos em pré-encontros regionais.

Cerca de 1500 docentes votaram para eleger os delegados que fizeram parte do encontro.

Outra novidade desta edição, além dos pré-encontros regionais, foi a criação de um ambiente virtual dedicado ao encontro, com a finalidade de ser um espaço de contribuição, em que os delegados eleitos pelos sindicatos federados e demais participantes puderam ajudar na construção dos textos de referência de cada mesa. 

Os desafios do presente para o Brasil: cenário econômico e social, saúde, meio ambiente, cultura e comunicação

A abertura do evento, na tarde de quarta-feira, 4, fez parte do primeiro eixo do evento, acerca dos desafios do presente para o Brasil. O coordenador da mesa, o diretor de políticas educacionais do Proifes, Lúcio Vieira (Adufgrs-Sindical), falou da importância histórica deste encontro, em particular, realizado virtualmente por conta da crise sanitária. “A pandemia nos obrigou ao distanciamento social, mas o Proifes não se furtou a manter a tradição de realizar seu encontro para discutir os problemas que preocupam os professores e também a população. Nossa obrigação é manter o debate atualizado para enfrentarmos o momento”.  

O texto do Eixo 1 foi coordenado pelo presidente do Sindicato dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ADURN-Sindicato), Wellington Duarte, que comentou sobre o retrocesso brasileiro no cenário econômico e social e o agravamento advindo do governo Bolsonaro e posteriormente da pandemia. Duarte apontou como fundamental a defesa intransigente do Sistema Único de Saúde (SUS), e falou da preocupação com o esfacelamento do meio ambiente e da cultura no país. O coordenador também apontou os desafios para criar canais de comunicação e informação que disputem uma narrativa para se contrapor aos ataques que o próprio governo tem feito contra o Estado e o serviço público brasileiro.

As carreiras, os salários, as condições de trabalho docente e a retomada das atividades de ensino

O segundo eixo norteador das discussões foi coordenado pelo professor Gil Vicente, da Associação de docentes da Universidade Federal de São Carlos (ADUFSCar), que expôs os principais pontos, como Reforma Administrativa, orçamento e ataques às IFES, estrutura das carreiras, pandemia e trabalho remoto, entre outros. Durante a discussão, que ocorreu na manhã de quinta-feira, 5, Vicente falou da especificidade no enfrentamento à Covid-19 no país. “O Brasil, ao contrário de todos os outros países do mundo, incluindo os Estados Unidos, manteve um patamar de mortes e de infecções alto, em uma linha horizontal, durante vários meses. Nenhum outro país do planeta tem o mesmo desenho de linhas”, ressaltou.

Vicente também fez um alerta sobre os perigos da reforma administrativa, cuja justificativa para ocorrer, segundo ele, é baseada em uma perspectiva errônea sobre o serviço público no país. “Não é verdade que o Brasil tem mais funcionários públicos que outros países semelhantes no planeta. Isso é conversa de quem quer diminuir o Estado para lucrar em cima”, concluiu.

Desafios da ciência e tecnologia nas IFES

O terceiro eixo temático foi o condutor do debate de quinta-feira, 5, coordenado pelo diretor de Promoções Sociais, Culturais e Científicas do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato), Daniel Christino. Durante o debate, foi apresentado um documento com o panorama geral da ciência e tecnologia no Brasil e no mundo, além dos amplos desafios enfrentados pela área, como os avanços social e econômico, ligados à sustentabilidade. 

Entre os tópicos abordados no primeiro texto de referência do eixo temático, estava o que aponta como principal objetivo o de incentivar a ciência desde a educação básica, com o intuito de preparar cidadãos críticos e pensantes para que se possa exercer uma cidadania plena. O texto trouxe ainda uma linha do tempo que aponta os recentes ataques à área e a queda acelerada de investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), que, hoje, já é metade do orçamento de 2010. 

O documento também aborda os efeitos negativos e duradouros da Emenda Constitucional 95, o teto dos gastos, sobre o campo da CT&I, e da luta pela liberação dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDTC), que pode trazer algum alívio para o campo científico no Brasil. A mesa contou também com as contribuições do  diretor de Ciência e Tecnologia do PROIFES-Federação, Ênio Pontes; do presidente do PROIFES-Federação, Nilton Brandão (Sindiedutec-Sindicato); e do ex-ministro da Ciência e Tecnologia e ex-deputado federal Celso Pansera.

Os desafios da organização sindical e a expansão do PROIFES-Federação

No último dia do 16º Encontro Nacional do Proifes-Federação, sexta-feira, 6, o eixo condutor dos debates foi o desafio que as organizações sindicais enfrentam, além de caminhos a serem seguidos. 

Com coordenação da mesa de Raquel Nery, presidenta do Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (Apub Sindicato), o debate contou com contribuições sobre a saúde dos trabalhadores, condições de trabalho, saúde mental, recortes de gênero e raça, comunicação em redes, entre outros.

O futuro dos Direitos Humanos no Brasil

O último dia do Encontro ainda contou com o debate guiado pelo quinto eixo, coordenado por Alex Reinecke, delegado do ADURN-Sindicato, pela delegada Rosângela Gonçalves do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica Técnica e Tecnológica do Estado do Paraná (Sindiedutec) e pelo delegado Oswaldo Negrão, também do ADURN-Sindicato.

Com o objetivo de amplificar o debate sobre o tema dos direitos humanos nas universidades, Wellington Duarte, delegado do ADURN-Sindicato, pontuou que é imperativo a criação de núcleos de Direitos Humanos nos sindicatos federados. Para ele, atualmente a questão não está na prioridade dos professores universitários. Também foram discutidos pontos sobre o modelo de ensino remoto imposto em decorrência da pandemia de Covid-19, e como isso impactou a vida de professores e alunos, além de revelar a falta de investimento em inclusão digital nas universidades públicas, em especial, as federais.

Com informações de: Notícias Proifes