MEC culpa medo da covid-19 e ‘mídia contra’ por abstenção de 51,5% no Enem, mas diz que exame foi um ‘sucesso’

Ribeiro admitiu que o nível de abstenção é “significativo”, mas defendeu a aplicação do exame, dizendo que o MEC não queria “atrasar muito” a vida dos estudantes

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, atribuiu ao medo da contaminação pela covid-19 e a um suposto “trabalho de mídia contrário” a abstenção de 51,5% registrada no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2020. Ele também exaltou as decisões judiciais que negaram o adiamento do exame. Ao todo, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), 5.523.029 pessoas se inscreveram no Enem, mas somente 2.680.697 – menos da metade (48,5%) – compareceram ao local de prova. Os ausentes somaram 2.842.332 (51,5%).

Mesmo assim, o ministro classificou a aplicação do Enem 2020 como um “sucesso”. Ele considerou como uma “vitória” ser possível aplicar a prova mesmo em meio a uma pandemia e, nas suas palavras, “uma questão política, de mídia contra”.

Houve ainda 2.967 participantes eliminados e 69 afetados por “ocorrências logísticas”, como falta de energia, por exemplo. Todos os dados ainda são preliminares, podendo ser atualizados pelo Inep nas próximas semanas.

“Este ano tivemos uma abstenção maior, parte pela dureza e a questão do medo da contaminação, parte por um trabalho de mídia contrário ao Enem, isso é fato, e de uma maneira até meio injusta. Não foi o mesmo trabalho de mídia feito contra o exame da Fuvest, em São Paulo. Não vi ninguém falando tão enfaticamente quanto o Enem, embora nós tenhamos tomado todos os cuidados”, criticou o ministro durante coletiva.

Ribeiro admitiu que o nível de abstenção é “significativo”, mas defendeu a aplicação do exame, dizendo que o MEC não queria “atrasar muito” a vida dos estudantes, sobretudo aqueles oriundos de escola pública.

Ele ainda comemorou a vitória da pasta nas quase 20 ações movidas na Justiça contra a realização do Enem, com exceção do Amazonas, que vive um colapso na saúde e sofre com a falta de insumos, especialmente oxigênio medicinal. De acordo com Ribeiro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estava ciente das dificuldades de aplicação do exame no estado.

O Enem também não foi realizado em duas cidades de Rondônia, Espigão do Oeste e Rolim de Moura, devido às restrições impostas à circulação de pessoas pelos governos locais. Na primeira, 969 estudantes deixaram de fazer a prova; na segunda, 2.863. Assim como no Amazonas, esses participantes farão o exame em 23 e 24 de fevereiro.

Leia na íntegra: Uol e Bol