Semana é marcada por novas denúncias de corrupção no MEC

Pedidos de propina em ouro, compra de ônibus superfaturados, favorecimento a pastores e aliados políticos. Esses são alguns dos casos suspeitos que vieram à tona nos últimos dias

Foi no dia 28 de março que o governo publicou, no Diário Oficial da União, a saída de Milton Ribeiro do Ministério da Educação (MEC). Quarto ministro da pasta no governo Bolsonaro, Ribeiro saiu uma semana após denúncias publicadas pelo Estadão de que pastores intermediavam a liberação de verbas do ministério.

De lá para cá, os relatos de corrupção no MEC não pararam de ser divulgados. No mesmo dia em que Ribeiro deixou o cargo, a Polícia Federal abriu inquérito para apurar o favorecimento a pastores. No dia 31 de março, em depoimento na sede PF, em Brasília, Ribeiro confirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) lhe pediu para receber os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, acusados por prefeitos de cobrarem propina para intermediar a liberação de verbas do MEC.

Compra de ônibus com sobrepreço

Na última segunda-feira, dia 4, as denúncias chegaram ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Conforme mostrou o Estadão, nas mãos do Progressistas, o programa Caminho da Escola foi usado para destinar dinheiro a prefeitos e Estados governados por políticos do partido.

Um pregão marcado para terça-feira, dia 5, previa a compra de ônibus rurais escolares com preços inflados. Documentos do FNDE indicam que o governo aceitou pagar até R$ 567,6 mil por um ônibus de 59 lugares que, segundo a área técnica do fundo, deveria custar, no máximo, R$ 361,8 mil. 

O pregão não ocorreu porque na terça-feira, o ministro Walton Alencar, do Tribunal de Contas da União (TCU), determinou a suspensão da compra de ônibus escolares até que o tribunal apure se houve sobrepreço no processo de aquisição dos veículos.

Envolvimento de Arthur Lira

Na quarta-feira, dia 6, a Agência Pública divulgou que a empresa do pai do vereador de Maceió João Catunda (PP/AL) — aliado político e amigo de Arthur Lira (PP/AL) — recebeu R$ 54,7 milhões do FNDE através de emendas do relator de 2021. Essas emendas compõem o que ficou conhecido como orçamento secreto, pois são divulgadas pelo governo sem a informação de qual parlamentar é o autor e quais são as empresas beneficiadas pelo dinheiro público. 

Na quinta-feira, dia 7, a Folha de S. Paulo mostrou que municípios que contrataram kits robótica com a empresa de aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), concentraram 79% do total gasto pelo governo Jair Bolsonaro com essas despesas em 2021 em todo o país.

CPI do MEC no Senado

No Senado, está sendo articulada a criação de uma CPI, e testemunhas de supostas irregularidades já estão sendo ouvidas. Na última terça-feira, dia 5, em depoimento a senadores, prefeitos de diferentes regiões do país confirmaram indícios de tráfico de influência na distribuição de verbas do FNDE, citando reunião na casa do ex-ministro Milton Ribeiro, a participação de pastores na intermediação e pedido de propina em ouro.

Para Joel Pinheiro, economista e comentarista do UOL News, as polêmicas ideológicas que sempre envolveram o MEC no governo Bolsonaro eram distrações para esconder os esquemas de corrupção na pasta.

Protesto nesse sábado

Em todo o país, protestos contra o governo Bolsonaro estão sendo articulados para este sábado. Em Florianópolis, o ato inicia às 9h, no Largo da Alfândega. A mobilização é organizada por centrais trabalhistas.

Na pauta dos protestos, estão os aumentos nos preços dos combustíveis, dos alimentos e do gás de cozinha, assim como os escândalos no Ministério da Educação e os ataques às ciências, à educação e às universidades federais.

Imprensa Apufsc