Semana de retomada das atividades presenciais é marcada por reencontros e redescoberta da UFSC

Para professoras e professores, foi momento de reencontrar colegas e estudantes – muitos deles que só se conheciam, até então, por meio das telas

Depois de dois anos, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) retomou as atividades 100% presenciais na última segunda-feira, dia 18, com a volta das aulas da graduação. Para professoras e professores, foi momento de reencontrar colegas e estudantes – muitos deles que só se conheciam, até então, por meio das telas. Para alunas e alunos que ingressaram na universidade durante a pandemia, chegou a hora de conhecer, efetivamente, a UFSC.

A professora Thais Fernandes, do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas (CCE/UFSC), encarou a sala de aula pela primeira vez. “Essa é minha primeira aula no ensino presencial, é um dia muito feliz. Sou uma professora da pandemia. É muito bom poder estar neste espaço com vocês, vendo vocês, ainda que de máscara”, disse Thais aos estudantes da disciplina de Língua Latina, do curso de Letras – Língua Portuguesa, na última terça-feira, dia 19. Ela ingressou na universidade como docente no fim de 2019 e começou a dar aulas em 2020, durante a pandemia.

Professa Thais Fernandes, do CCE

Decana do departamento, a professora Tânia Regina Oliveira Ramos tinha um receio: que tivesse que se aposentar sem poder voltar a lecionar presencialmente. Nesta semana, ela retornou às salas de aula e ao contato com estudantes da graduação, e comemorou com uma foto em grupo:

Professora Tânia (a primeira da direita pra esquerda), alunos e alunas do curso de Letras – Língua Portuguesa, na retomada das aulas presenciais

Esse será o último semestre de Tânia na universidade após mais de 40 anos – depois tira licença-prêmio e parte para a aposentadoria. “Foi uma decisão que tomei porque sou uma pessoa que vivi intensamente a UFSC, então eu achei que precisava, pra sair bem, viver a UFSC novamente, principalmente nesse período, com eleição para a Reitoria, ver a volta dos alunos, para mim era muito importante”, explica.

Sobre a turma retratada na imagem acima, Tânia conta que 90% foram alunos remotos: “Muitos eu reconheci pelo olhar, isso significou muito para mim”. A professora também ressalta a importância que o bom uso das ferramentas tecnológicas teve nos últimos dois anos, algo que, para ela, precisa ser mantido. “Fui coordenadora do EAD em Letras e sempre salientei a diferença entre EAD e ensino remoto, e via como o Moodle podia ser importante nesse momento. Então estou continuando a trabalhar com essas tecnologias”.

O professor Sérgio Luís Boeira, do Departamento de Ciências da Administração da UFSC, também celebrou o retorno, mas faz ponderações: “Finalmente voltamos à sala de aula. A interação humana é o que há de principal na educação. Enquanto no ensino emergencial remoto nós tínhamos uma educação mediada pela tecnologia, e pelas cinrunstâncias particulares, alguns problemas, tudo que atrapalha o diálogo também atrapalha a educação. Por outro lado, o uso de máscaras ainda é um inconveniente. Eu tenho observado a dificuldade de passar muito tempo falando com máscara. Mas de modo geral é muito salutar para a educação essa interação, pra gente recuperar um pouco o terreno perdido com a pandemia”.

Apesar da queda no número de casos de covid, a UFSC optou por manter medidas sanitárias mais rígidas. O uso da máscaras é obrigatório na universidade, e os estudantes tiveram que apresentar o comprovante de vacinação contra covid-19 para fazer matrícula nas disciplinas.

Impacto nos estudantes

Ângela Prestes ingressou no curso de Letras – Italiano no primeiro semestre de 2021 e, até agora, só tinha assistido às aulas no formato online. “Eu me senti uma caloura. Apesar de já ter cursado dois semestres de forma online, ir para o campus da UFSC foi uma experiência muito diferente. Conhecer pessoalmente os colegas, os professores, ter esse contato mais próximo com as pessoas é super enriquecedor. Acho que agora eu me sinto parte da universidade de verdade”, contou.

Já Suzan Rodrigues está prestes a concluir o curso de Jornalismo, e temia que as aulas presenciais não fossem retomadas antes da formatura. “Vi muitos amigos passarem por isso, sem poder fazer a formatura dos sonhos, fazendo TCC a distância, não podendo estar com família e amigos para celebrar esse momento. Então foi um alívio saber que os últimos semestres serão presenciais e que eu vou poder ter essa experiência”, comemorou.

Celebração, mas com ressalvas

O reitor da UFSC, Ubaldo Cesar Balthazar, gravou uma mensagem de boas-vindas à comunidade universitária, em que enfatizou: “Neste momento de retomada, de reencontros, é hora também de agradecer por todo o trabalho dos nossos docentes e técnicos-administrativos, que inovaram, se adaptaram, e agora mais uma vez, ressignificam suas rotinas para estarem aqui na universidade, presencialmente”.

Também em vídeo, o presidente da Apufsc, Carlos Alberto Marques, falou sobre o retorno total às atividades presenciais. “Apesar de estarmos felizes por voltar ao espaço físico da nossa universidade e ao convívio com os colegas, gostaríamos que essa retomada acontecesse em melhores condições. Além da estrutura da UFSC estar precária, enfrentamos a falta de reajustes salariais há cinco anos. A ciência e a educação seguem sob ataque. O sindicato é um instrumento de luta para mudar essa realidade”, ressaltou. 

Valorização dos docentes

Faixa da Apufsc instalada no acesso à universidade

Para reforçar a necessidade de valorização dos profissionais da educação na retomada total das atividades presenciais, a Apufsc afixou faixas e banners na universidade durante essa semana, e também publicou artes nas redes sociais, em que comunica a situação atual e a necessidade de reajuste.

Enquanto a inflação, os preços dos combustíveis, da cesta básica, do gás de cozinha só sobem no país, os docentes das universidades públicas federais estão sem reajuste salarial desde o governo Temer. De acordo com o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), desde 2010 a categoria acumula perda salarial de 53%, visto que os últimos reajustes não compensaram a inflação. Só no governo Bolsonaro, a perda é de 19,99%. Agora, o governo afirma que irá conceder reajuste de 5%, bem abaixo da reivindicação dos trabalhadores.

No dia 28 de abril, a Apufsc realiza Assembleia Geral Extraordinária de modo presencial para discutir a campanha salarial, condições de trabalho da categoria e a situação dos campi. Saiba mais aqui.

Imprensa Apufsc

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