Cursos historicamente menos inclusivos, como Medicina e Direito, foram os que avançaram mais depois das cotas

Estima-se que as ações afirmativas possibilitaram um novo perfil de estudantes nos cursos mais concorridos

É consenso que a Lei de Cotas (12.711/2012) apresentou forte impacto sobre o perfil discente das instituições federais de ensino superior no Brasil. Entretanto, será que seus resultados foram homogêneos entre todos os cursos de graduação? Para responder essa questão, o Nexo cruzou duas bases de dados administradas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep): o Censo da Educação Superior e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

A análise mostrou que os cursos de graduação menos concorridos (em termos de razão candidato/vaga) foram pouco modificados após a edição da lei. Por exemplo, os cursos 25% menos concorridos observaram um acréscimo de somente 2% na presença de estudantes oriundos da rede pública. Já os cursos 25% mais concorridos observaram um crescimento de 23% na participação de egressos do ensino médio público.

Há dois resultados que valem a pena ser ressaltados. O primeiro deles é que as transformações foram mais pronunciadas quanto menor o patamar de inclusão prévio de um dado curso. Isso se percebe pela distância entre a marca de 2012 e a de 2016, crescente conforme se desce verticalmente os gráficos. Ou seja, cursos como os mencionados no parágrafo anterior representam carreiras já bastante acessíveis e que, portanto, tiveram seu perfil discente pouco modificado após a adoção integral da política de cotas. O mesmo não pode ser dito para os cursos de Medicina, Relações Internacionais, Odontologia, Direito, Engenharia e Psicologia, nos quais se observa um grande hiato entre o antes e o depois.

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