Especial Dia dos Professores: Recém-contratados falam sobre influências e desafios da docência

Desde janeiro, UFSC contratou 215 novos professores

Celebrado no último sábado, 15, o Dia dos Professores convida a sociedade para homenagear os profissionais que se dedicam a formação dos cidadãos. Nesta data, histórias como a de Leda Scheibe, contada pela Apufsc-Sindical na semana passada, emocionam ao mostrar a longa trajetória de docentes na educação. Do mesmo modo, a ocasião abre espaço para conhecer a inspiração daqueles que acabam de iniciar o caminho na docência. Só neste ano, segundo o Observatório da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foram contratados 215 novos docentes na universidade.

Caetano Kayuna Dias foi um deles. Em abril, ingressou como professor-adjunto do departamento de Antropologia do Centro de Filosofias Humanas (CFH) da UFSC. Com vários profissionais da educação na família e professores, pelos quais nutriu grande admiração durante a formação, ele conta que a escolha pela docência veio há muito tempo. “Decidi ser professor pela crença de que todo conhecimento que desenvolvi ao longo desse processo precisa ser retribuído à sociedade de alguma forma, e nada melhor que a docência para dar continuidade a esse processo que transcende a todos nós.”

A admiração também foi um sentimento que influenciou a escolha profissional de Fernando Campos Mesquita. No ensino médio, o estímulo dos professores fez com que ele cursasse Geografia. Anos depois, já no doutorado, o interesse em combinar o ensino com a pesquisa e as experiência positivas que teve o levaram a decidir pela sala de aula.

Professor recém-contratado do departamento de Geociências da UFSC, Mesquita acredita que ser educador é uma tarefa que não vem pronta, e destaca que as melhores formas para ensinar e avaliar os alunos decorre de práticas cotidianas obtidas com a experiência da sala de aula. Um saber que vem da vivência. “No início de carreira, ainda estamos começando a adotar essas práticas. Nosso repertório do que pode funcionar ou não acaba sendo reduzido. É um conhecimento que exige tempo.”

Esse empenho com o aprimoramento profissional vai muito além do objetivo de transmitir o conhecimento, acredita Caetano Kayuna Dias. “[Ser professor] me parece um compromisso: conosco, com a sociedade de modo geral e com os estudantes com os quais nós convivemos todos os dias e dos quais participamos do seu processo formativo”, afirma. Para ele, a responsabilidade que um docente carrega ainda é pouco reconhecida, apesar do consenso estabelecido sobre a importância da educação.

Caetano Kayuna Dias, Fernando Campos Mesquita e Nara Rubiano da Silva ingressaram como docentes na UFSC em 2022 (Fotos: Arquivos pessoais)

Desafios

Para Nara Rubiano da Silva, professora que também ingressou neste ano no departamento de Ciência Exatas e Educação (CEE) do campus da UFSC em Blumenau, o maior obstáculo no momento é motivar os estudantes. “Vindo do período mais duro da pandemia, e diante de perspectivas incertas do futuro profissional, eles estão, cada qual em certo grau, perdidos, ansiosos e desesperados.” Ela destaca que a postura e a atitude do professor são de extrema importância nessa dinâmica educacional.

Caetano Kayuna Dias também cita a pandemia ao afirmar que, além das dificuldades estruturais que historicamente pesam sobre o campo da educação no Brasil, a aceleração da transição tecnológica tem impactado a docência. Para ele, nesse período, “o abismo entre modos antigos e novos de aprendizado acentuaram as dificuldades de interação entre as gerações”. O que exige dos professores e entidades representativas uma reflexão sobre o modo tradicional de ensinar.

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Karol Bernardi
Imprensa Apufsc