UFSC renova contrato do plano de saúde dos servidores com reajuste de 19,5%

Apufsc-Sindical participou das reuniões de negociação, ressaltou que os docentes estão sem reajuste salarial há cinco anos e também cobrou transparência no processo

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) renovou o contrato do plano de saúde dos servidores com a Unimed Grande Florianópolis. A partir deste mês, as mensalidades do plano de saúde serão reajustadas em 19,5%. O índice ficou acima do pretendido pela universidade, mas é menor do que os 28,34% reivindicados inicialmente pela prestadora do serviço. A Apufsc-Sindical participou de uma série de reuniões realizadas junto com a atual gestão da UFSC, empenhada em discutir o assunto e negociar valores. Nas discussões, ressaltou que os docentes estão sem reajuste salarial há cinco anos e também cobrou transparência no processo.

O acordo para renovação do contrato ocorreu após uma série de oito reuniões entre representantes da UFSC, das entidades que representam técnicos-administrativos e docentes, e da Unimed. Gestores do Departamento de Atenção à Saúde (DAS), da Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodegesp), do Departamento de Projetos, Contratos e Convênios (DPC), da Pró-Reitoria de Administração (Proad) e do Gabinete da Reitoria estiveram envolvidos.

Durante as tratativas, a gestão da universidade e as entidades representativas de classe manifestaram preocupação com o impacto do aumento do plano de saúde sobre a renda dos servidores, destacando que os técnico-administrativos em educação (TAEs) estão há sete anos sem reajuste salarial e os docentes enfrentam a mesma situação há cinco anos.

“A Apufsc participou das discussões alertando sobre a necessidade de ter um indíce que beneficiasse a categoria, na medida que não temos reposição salarial há cinco anos, o que foi considerado para reduzir o índice para 18,34%, que era a base da negociação por parte da gestão. A universidade conseguiu reduzir para 19,5%, que foi aceito”, relata o presidente da Apufsc-Sindical, José Guadalupe Fletes.

Essa questão foi levada ao debate em todas as reuniões e esteve presente nas contrapropostas apresentadas pela UFSC. No entanto, a Unimed declarou que os índices de reajustes salariais não interferem nos reajustes de planos de saúde e que buscava preservar o equilíbrio financeiro do contrato.

reunião sobre plano de saúde UFSC (Foto: Karol Bernardi/Apufsc)
Apufsc participou de reuniões sobre plano de saúde UFSC (Foto: Karol Bernardi/Apufsc)

Sinistralidade

Esta é a terceira renovação do contrato número 232/2019, que tem vigência até o dia 1º de dezembro. O contrato contém uma cláusula determinando que sempre que a sinistralidade (taxa de utilização do plano pelos usuários, nos 12 meses anteriores) for superior a 75%, será aplicado um reajuste. Da mesma forma, quando a sinistralidade é inferior a 75% deve ser aplicada uma redução no valor dos contratos.

Na primeira renovação do contrato não houve reajuste. No entanto, a planilha de “Comportamento Financeiro do Contrato” apresentada à época apontou uma sinistralidade de 65,7% no período avaliado – era o primeiro ano de pandemia da Covid-19 e os atendimentos médicos foram muito reduzidos. Assim, a UFSC solicitou um desconto retroativo de 9,5% no valor dos planos, a partir de 1º/12/2020, que foi formalizado na segunda renovação contratual. Na época, houve inclusive devolução de valores cobrados em algumas mensalidades. Ao mesmo tempo, foi aplicado um aumento de 6,69% no contrato, a partir de 1º/12/2021.

Para a terceira renovação, a UFSC encontrou uma situação desfavorável: a sinistralidade apurada pela operadora chegou a 96,26%, fazendo com que a Unimed reivindicasse um reajuste de 28,34%, além de propor alterações unilaterais de outras cláusulas. A empresa alega que o reajuste negativo de 9,5% influenciou drasticamente para a sinistralidade apurada neste momento. A operadora também queria, por exemplo, que os beneficiários do plano de saúde fossem encaminhados compulsoriamente à rede de Atenção Primária em Saúde e que as pessoas em tratamento de câncer fossem direcionadas para a Clínica Oncoclínicas.

Os dados apresentados pela Unimed chamaram atenção da Apufsc-Sindical, que cobrou transparência. “Nós alertamos para a necessidade de ter acesso à planilha de todos os dados por parte da Unimed, e que cabia à gestão exigir esses dados, para que houvesse transparência. Isso a unimed não apresentou à gestão, ou, se apresentou, não nos colocou à disposição. E isso nós consideramos imprescindível na negociação. Nas próximas discussões, só aceitaremos conversas entre os pares se tivermos acesso a essas planilhas”, salientou o presidente da Apufsc.

Durante as negociações, a empresa aceitou reduzir o percentual de reajuste para 21,46% e retirar a compulsoriedade de algumas medidas, mas propôs carregar para futuros reajustes a diferença entre os percentuais. No entanto, os negociadores da UFSC ainda consideraram esse percentual elevado. Com apoio do DAS, o DPC realizou um estudo dos reajustes realizados anteriormente neste mesmo contrato, que não têm uma fórmula preestabelecida e não observava índices explícitos. Chegou-se a um percentual abaixo de 21,46% e a empresa acabou aceitando 19,5%, assim como a retirada de cláusulas que poderiam impactar em futuros reajustes.

A contratação de um plano de saúde com uma rede de atendimento adequada tem sido um desafio para a UFSC. Em 2019, ao fim de um contrato com a mesma operadora, a universidade fez uma licitação para contratar uma prestadora do serviço. No entanto, a única empresa a participar da licitação foi a própria Unimed. De acordo com a pró-reitora de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas, Sandra Carrieri de Souza, a universidade realiza avaliações de outros planos de saúde credenciados pelo Ministério da Educação (MEC), mas, no momento, ainda não se revelam vantajosos.

Imprensa Apufsc com informações da UFSC