Formadas pela UFSC, Joziléia Kaingang e Kerexu Yxapyry assumem cargos no Ministério dos Povos Indígenas

Agora chefe de gabinete da pasta, Joziléia foi a primeira estudante indígena do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da UFSC

Com passagens relevantes pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Joziléia Kaingang e Kerexu Yxapyry assumiram nesta semana cargos no recém-criado Ministério dos Povos Indígenas, conduzido por Sônia Guajajara.

Graduada em Geografia, a doutoranda e mestre em Antropologia Social pela UFSC, que exerceu o cargo de coordenadora pedagógica da Licenciatura Intercultural Indígena da universidade, Joziléia Kaigang é agora chefe de gabinete do Ministério. Ela foi a primeira estudante indígena do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da UFSC.

Em 2013, Joziléia enviou um e-mail à coordenação do curso de Licenciatura Indígena e à direção do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), com o pedido de que houvesse a extensão das ações afirmativas existentes para o curso de graduação também ao de pós-graduação em Antropologia Social. “O pedido foi encaminhado à coordenação do programa, e a discussão foi para o colegiado. No segundo semestre foi lançado, para o mestrado, edital com ações afirmativas, que assegurou uma vaga para indígenas e uma para negros, e bolsa de estudo para essas vagas”, relembrou em matéria públicada no site da universidade.

Joziléia Kaingang (Foto: Pipo Quint/Agecom/UFSC)

Até 2022 ela atuou como assessora de projetos no Conselho de Missão entre Povos Indígenas (FLD-Comin) e integra a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) e a Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul).

Já a gestora ambiental Kerexu, e formada em Licenciatura Indígena pela UFSC, assume a Secretaria de Direitos Ambientais e Territoriais da pasta. Liderança Mbya Guarani, coordenadora Executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e cofundadora da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), Kerexu é conhecida no estado pela atuação na Terra Indígena Morro dos Cavalos, em Palhoça.

“Acabo de ser anunciada como secretária de Direitos Ambientais e Territoriais Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas. Estou muito feliz e honrada em assumir essa missão a convite da ministra Sônia Guajajara. Viva a luta indígena, vamos juntos reconstruir o Brasil!”, escreveu Kerexu em sua conta no Twitter após ser anunciada formalmente para o cargo.

Kerexu (Foto: Divulgação)

Povos indígenas vivem crise humanitária, diz ministra

Em seu discurso de posse, Sônia Guajajara, a primeira indígena a ocupar um cargo de ministra, afirmou que os povos originários vivem uma crise humanitária no Brasil. Ele citou como causas as invasões de territórios, o desmatamento, o garimpo ilegal, a falta de assistência adequada em saúde e saneamento, entre outros.

“Não é mais possível convivermos com povos indígenas submetidos a toda sorte de males, como desnutrição infantil e de idosos, malária, violação de mulheres e meninas e altos índices de suicídio. Presidente Lula, arrisco dizer, sem exagero, que muitos povos indígenas vivem uma verdadeira crise humanitária em nosso país e agora estou aqui para trabalharmos juntos, para acabar com a normalização deste estado inconstitucional que se agravou nestes últimos anos”, afirmou.

Guajajara também falou da emergência climática e de como os territórios indígenas são essenciais no combate ao aquecimento global. “Se, antes, as demarcações tinham enfoque sobretudo na preservação da nossa cultura, novos estudos vêm demonstrando que a manutenção dessas áreas tem uma importância ainda mais abrangente, sendo fundamentais para a estabilidade de ecossistemas em todo o planeta, assegurando qualidade de vida, inclusive nas grandes cidades. Daí a importância de reconhecer os direitos originários dos povos indígenas sob as terras em que vivem”, disse a ministra.

Guajajara aproveitou para anunciar a recriação do Conselho Nacional de Política Indigenista, extinto em 2019, pelo governo anterior. “[O conselho] garante a participação paritária entre representações indígenas de todos os estados brasileiros e órgãos do executivo federal”, enfatizou a ministra.

Ela também indicou os nomes que farão parte do ministério. São eles:

  • Eloy Terena, secretário-executivo;
  • Jozi Kaingang, chefe de Gabinete;
  • Eunice Kerexu, secretária de Direitos Ambientais e Territoriais;
  • Ceiça Pitaguary, secretária de Gestão Ambiental e Territorial Indígena;
  • Juma Xipaia, secretária de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas;
  • Marcos Xucuru, assessor especial do ministério.

Imprensa Apufsc