Pesquisa mostra aumento da preocupação dos brasileiros com a educação

O índice de interesse no tema subiu de 6% no início de 2021 para 15% em novembro de 2022, revela DataSenado

A saúde continua a ser a maior preocupação dos brasileiros (26%), mas, com a superação do período crítico da pandemia da covid-19, houve um recuo acentuado em relação ao pico apurado em janeiro de 2021, quando 45% dos cidadãos consideravam essa a principal fonte de inquietação. Antes da pandemia, em 2019, 28% apontavam a saúde no topo da lista de preocupações. Esses dados estão na pesquisa do Instituto DataSenado intitulada Panorama Político 2023. 

O levantamento, feito em novembro de 2022, apurou a opinião de brasileiros sobre uma série de temas. Na área social, destaque para o apoio às cotas nas universidades e aos programas de transferência de renda.

Para a população de menor escolaridade, a pesquisa indica que a preocupação com a saúde ainda supera os 34%, em contraste com os demais grupos, onde a corrupção se destaca como principal preocupação, passando de 24% para aqueles com nível de ensino superior incompleto ou além disso. Considerando todos os perfis entrevistados, a corrupção aparece em segundo lugar na lista de maiores preocupações dos brasileiros, com 17%.

Arte: Agência Senado

Educação

De acordo com o DataSenado, enquanto cai a preocupação com a saúde, cresce a preocupação com a educação, que subiu de 6% no início de 2021 para 15% em novembro de 2022, igualando o maior nível da série histórica — alcançado em meados de 2012. 

Destaca-se ainda a trajetória do item custo de vida na lista de maiores preocupações dos brasileiros, já atingindo 14% da população, o maior nível da série histórica para esse item. Na sequência estão o emprego (11%) e a segurança (11%).

Transferência de renda 

A pesquisa também indica que a ampla maioria dos brasileiros é favorável à manutenção de programas de transferência de renda. De acordo com o levantamento, 75% defendiam a continuidade do Auxílio Brasil (que será rebatizado para Bolsa Família), enquanto 21% se mostravam contrários. 

Além de apoiar o programa destinado às famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o país, a maioria dos entrevistados discordou da afirmação de que “as pessoas procuram ajuda financeira do governo porque não querem trabalhar”: ao todo, 54% dos participantes da pesquisa rejeitaram tal afirmação.

A senadora Teresa Leitão (PT-PE) avalia que os programas de transferência de renda devem ser ampliados. 

“Vamos focar em todos os programas, não apenas no Bolsa família, mas na interseccionalidade desses programas de transferência de renda. Inclusive com a incidência em uma reforma tributária justa, que de fato contribua para a distribuição de renda”, declarou ela.

Cotas

O levantamento do DataSenado aponta que a maioria dos entrevistados (58%) concorda com a afirmação de que “o sistema de cotas para negros em universidades é justo”. Esse patamar retoma o nível de aprovação atingido ao final de 2019. Em relação ao final de 2021, houve aumento de nove pontos percentuais no índice de concordância e queda de 10 pontos percentuais no nível de discordância. Em novembro de 2022, 36% dos brasileiros consideravam o sistema de cotas injusto, enquanto 6% não sabiam ou não responderam.

O senador Paulo Paim (PT-RS) comemorou o crescimento da aprovação dessa política pública. A Lei de Cotas (Lei 12.711, de 2012) completou dez anos em 2022.

“Quase 60% dos brasileiros concordam [com a afirmação de] que o sistema de cotas em universidades, que eu defendo tanto, é justo. A Lei de cotas é inclusão, é igualdade, é dignidade, é qualidade de vida para todos. É uma conquista de pobres, negros, indígenas e pessoas com deficiência” celebrou Paim.

Aborto

De acordo com o DataSenado, a maior parte da população segue contrária ao aborto: 58% dos entrevistados discordou da afirmação de que “as mulheres devem ter o direito de interromper a gravidez caso elas queiram”, enquanto 38% dos brasileiros é favorável ao aborto. Os mesmos resultados foram observados na edição anterior da pesquisa.

O levantamento constatou que dois grupos se destacam entre os contrários ao aborto. Entre os que se posicionam mais à direita na política, o índice de rejeição à possibilidade de as mulheres interromperem a gravidez chega a 74%. Entre os evangélicos, a rejeição é de 70%. Apenas o grupo posicionado à esquerda na política possui maioria de concordância com a afirmação (61%). 

Pesquisa

A 20ª edição da pesquisa de opinião nacional sobre Panorama Político entrevistou 2.007 brasileiros, com 16 anos ou mais, por telefone, entre os dias 8 e 26 de novembro de 2022, em amostra considerada representativa da opinião da população brasileira.

Fonte: Agência Senado