Reunião do Conselho Universitário tem amplo debate sobre infraestrutura e manutenção da UFSC

Presidente da Apufsc-Sindical, José Guadalupe Fletes, participou da sessão extraordinária levando demandas da categoria docente

A reunião extraordinária do Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (CUn/UFSC) na tarde desta terça-feira, dia 14, começou com a aprovação, por parte dos conselheiros e conselheiras, da participação do presidente da Apufsc-Sindical, José Guadalupe Fletes. A presença do sindicato foi solicitada ao CUn por ofício, já que o assunto em pauta é de grande relevância para a categoria docente: a infraestrutura e a segurança da universidade. A Apufsc não tem cadeira no CUn.

No mês de maio desse ano, a Diretoria da Apufsc entregou à Reitoria um dossiê sobre as condições de trabalho nos campi, e vem cobrando respostas para as demandas apontadas no documento. “Agradeço pela oportunidade de permitir que, representando a Apufsc, possa participar dessa reunião”, disse Fletes.

Foi feita uma petição para que a reunião extraordinária do CUn ocorresse nessa data, com adesão de 40% dos conselheiros. Na abertura da sessão, o reitor Irineu Manoel de Souza fez algumas explicações sobre dificuldades enfrentadas pela gestão, como a extinção de cargos e ausência de contratos de manutenção quando assumiu, por exemplo. O reitor falou ainda sobre os recorrentes cortes de recursos financeiros que a UFSC sofreu nos últimos anos, e como impactaram na situação estrutural da instituição.

Na sequência, servidores de diferentes departamentos apresentaram relatórios sobre obras, contratos, fiscalização e manutenção, entre outras questões. O prefeito Universitário, Hélio Rodak, dividiu a apresentação em eixos: Fabrícia Grando, do Departamento de Projetos de Arquitetura e Engenharia (Dpae), e Rodrigo Fagundes, do Departamento de Fiscalização de Obras (DFO), falaram sobre projetos e obras; Roberto Carlos, do Departamento de Manutenção Externa (DME), falou sobre a manutenção da universidade, e o próprio Rodak falou sobre prestação de contas e outras ações no âmbito do Departamento de Manutenção Predial e de Infraestrutura (DPMI). Por fim, Vilmar Michereff Junior, da Pró-Reitoria de Administração (Proad), falou sobre compras e contratos, principalmente relacionados à mautenção, e também sobre segurança.

Alguns dados chamaram atenção, como a quantidade de profissionais disponívels para a manutenção de telhados – são apenas dois -, e o número de servidores que a UFSC perdeu com os cargos extintos pelo governo federal – passam de 200.

Diretores de Centros citaram demandas urgentes

Depois desse momento, o reitor abriu a sessão para discussões. O professor Fabrício de Souza Neves, diretor do Centro de Ciências da Saúde (CCS), avaliou que a manutenção é um setor primordial para a universidade, e pontuou outras necessidades, ainda não contempladas pela gestão. Esse ponto foi reforçado pela professora Carolina Medeiros Bahia, diretora do Centro de Ciências Jurídicas: “É fundamental priorizar o pequeno, o dia a dia, a manutenção. É óbvio que grandes obras são importantes, mas quando o cobertor é curto, a gente precisa priorizar”. Também nesse sentido, o professor Carlos Araujo Leonetti defendeu a necessidade de contratos de manutenção preventiva.

Diretora do Centro de Ciências Agrárias (CCA), a professora Rosete Pescador, contou que, no início da nova gestão, foi feito um levantamento das demandas junto aos chefes de departamento e coordenadores de curso. “Naquele momento, nós priorizamos telhado, a parte elétrica e pisos. Dessas demandas todas que foram feitas, gostaríamos de ter um retorno por parte dessa equipe, porque nós também, como diretores, precisamos dar uma resposta”, afirmou.

O professor Edson De Pieri, diretor do Centro Tecnológico (CTC), falou também da importância de se dar uma resposta aos estudantes: “quando você tem uma goteira, um banheiro que não está funcionando, você atinge um número de alunos enorme”. Ele completou: “a gente tem um tempo de resposta que não condiz com a instituição que somos”.

Também neste sentido, o professor Nilton Branco fez uma fala em que avaliou os dados apresentados pela Administração Central e fez críticas, analisando que questões como as dificuldades de recursos, por exemplo, eram de conhecimento antes mesmo da posse da atual gestão. “Essa apresentação poderia ter sido feita seis meses depois da posse, e não com um terço de mandato. Isso causa uma ansiedade muito grande aos colegas docentes, que me cobram coisas que eu não sei responder”.

O professor Fábio Lopes, diretor do Centro de Comunicação e Expressão (CCE), opinou que “a universidade está pior em muitos sentidos”, e citou problemas enfrentados por ele recentemente, como a falta de água por mais de 50 dias no prédio D, e a dificuldade para se encontrar uma solução. Citou também a ocasião em que uma estudante foi atingida por uma luminária que caiu no CCE. Segundo Lopes, ela ficou com sequelas permanentes e está processando a universidade.

Alex Degan, diretor do Centro de Filosofia e História (CFH), foi enfático ao se referir à Prefeitura Universitária: “nós, diretores, precisamos minimamente de prazos”. No entanto, discordou em alguns pontos do professor Fábio Lopes, afirmando que não acredita que a situação da universidade tenha piorado com a atual gestão.

Colégio de Aplicação

O professor Camilo Buss Araújo, ex-presidente da Apufsc-Sindical, avaliou que “o Colégio de Aplicação, que está com uma obra de R$ 2,5 milhões sendo realizada, tem os mesmos problemas do restante da universidade”. Ele relatou um problema relacionado à falta de manutenção que enfrentou recentemente: “No dia 23 de outubro, uma porta caiu durante a minha aula. Pra ela cair, passou por um processo de degradação. Por sorte eu segurei e não foi em direção à aluna que estava na primeira fila”.

Depois desse exemplo, Araújo citou que, no fim do ano passado, um conjunto de professores assinou um ofício direcionado à Apufsc, que o encaminhou à direção do Colégio de Aplicação, sobre questões de infraestrutura, “mas os professores não tiveram um retorno objetivo sobre essas demandas”. Ele acrescentou: “os professores da educação básica sentem suas condições de trabalho ficarem cada vez mais precárias e não sabem a quem recorrer”.

Demandas discentes

O estudante Antônio Carlos Fiori Canevese, conselheiro, falou de demandas do corpo discente, em especial a situação do Centro de Convivência. “Gostaria de ver como um compromisso e que seja dada a devida importância”, defendeu. Também representante dos estudantes, Lucas Eduardo Brum de Matos Rigoli Gonçalvez afirmou que “a crise é de projeto de universidade a nível nacional”, e ressaltou também a necessidade de participação discente nos espaços de discussão: “os estudantes são as principais vítimas da falta de segurança e de infraestrutura na universidade”.

Respostas às críticas

O primeiro a responder parte das críticas feitas pelos conselheiros foi o pré-reitor de Pesquisa e Inovação da UFSC, Jacques Mick. “Nós atendemos perfeitamente a mensagem dos conselheiros, que não estão satisfeitos com os resultados que estamos apresentando na área de infraestrutura”, iniciou. Mick apontou, por exemplo, que foram feitas por essa gestão 1.817 obras, espalhadas em cada uma das unidades acadêmicas. “Trabalhamos com a agilidade possível num contexto de escassez”, completou, ressaltando também a transparência da gestão.

Pró-reitora de Extensão da UFSC, Olga Regina Zigelli Garcia se disse espantada “com a maneira como foi convocada essa reunião”, já que, na sessão anterior do CUn, havia sido definido que esse seria o assunto da próxima sessão ordinária, marcada para o dia 28. “Eu acho uma forma desrespeitosa com uma Reitoria que está sempre aberta o diálogo”, criticou. “Eu vejo a autoconvocação necessária quando se esgotam todas as possibilidades”, complementou.

Em resposta, o professor Rodrigo Moretti explicou que “a convocação não foi no sentido de afrontar a gestão”, e concordou que, de fato, há a possibilidade de diálogo com o reitor. “Mas em algum momento, os conselheiros sentiram a necessidade de outro espaço”, acrescentou o professor, esclarecendo ainda que esse assunto não seria pauta única na próxima sessão ordinária. “Esse ponto estaria entre todos os assuntos da ordinária, e dado o tempo que estamos aqui, fica evidente como todos temos necessidade de ouvir, apontar, deliberar. Considero um dos momentos mais importantes de democracia e gestão participativa que tivemos nos últimos tempos”, finalizou Moretti.

A sessão extraordinária teve quase cinco horas de duração.

Encaminhamentos

O professor Alexandre Verzani, diretor do Centro de Ciências Biológicas (CCB) afirmou que essa “é uma das melhores reuniões que já tivemos”, e sugeriu: “Gostaria de solicitar que a gente tivesse mais vezes esse tipo de reunião, com o objetivo de pensar na instituição”.

Moretti, por sua vez, deu duas sugestões de encaminhamento: a primeira de que reuniões como essa sejam realizadas semestralmente, e a segunda de que a sessão fosse suspensa para em um próximo momento fosse debatida, especificamente, a questão da segurança.

Para finalizar o encontro, o reitor colocou em votação a continuidade da reunião para a próxima sexta-feira, dia 17h, às 14h, na sala dos conselhos, e também transmitida pelo YouTube.

Assista à sessão desta terça-feira na íntegra:

Stefani Ceolla
Imprensa Apufsc