O sofrimento dos (as) calouros (as) beneficiários de Ações Afirmativas perante a “acolhida” da Mãe UFSC

*Por William Barbosa Vianna

Os coordenadores de curso que são responsáveis pela validação final das matrículas dos calouros estão tendo a oportunidade de acompanhar diariamente como a UFSC acolhedora está tratando as matrículas dos calouros (as) beneficiários da Política de Ações Afirmativas (PAA).

Entrando na terceira semana de aulas há diversos aprovados, no caso do Curso de Ciência da Informação (CCI-342), da segunda chamada Vestibular/Sisu e entrada no primeiro semestre, constando como “em análise PAA”. E assim vários outros cursos. No caso, não há que se questionar o direito à greve mas sim a capacidade básica da atual gestão de zelar pelos serviços essenciais a partir de um indicativo de greve que não foi feito ontem e nem na semana passada.

A patente e revoltante contradição da UFSC Acolhedora é que os estudantes oriundos de escola particular cuja matrícula é mais ágil, estão todos em sala de aula, pela agilidade dos docentes coordenadores de curso; enquanto alguns dos candidatos aprovados oriundos de escola pública, 1,5 salário mínimo por pessoa da família, Pretos, Pardos e Negros (PPN), Indígenas, Pessoas com Deficiência (PcD) e outros beneficiários da PAA vivem a agonia de não saber quando poderão começar a frequentar as aulas de 2024.1.

Por certo os docentes envidam todos os esforços por dar equidade ao aprendizado por meios de ajustes do ensino ao longo de 18 semanas, para quem não tem aula na quinta-feira à noite, porque em 21/03 foram canceladas sem qualquer orientação de reposição, é razoável entender que depois de 3 semanas de aulas, dependendo da disciplina fica quase impossível reequilibrar o plano de ensino.

Pior do que essa silenciosa situação para quem mais precisa da UFSC é o completo silêncio oficial sobre como essa situação vem sendo tratada e como será solucionada a tempo de fazer com que os calouros não percam o semestre. A informação disponível é de que a questão vem sendo tratada com o comando de greve, fato esse que se encontra sem resposta publicada e auditável e as semanas letivas correndo sem nenhuma ação de contingência necessária que o caso requer frente às bandeiras de luta e declaração de prioridades da atual gestão.

Pelos bastidores se comenta que dentre os objetivos não-ditos está a inviabilização do calendário acadêmico como forma de penalização da “falta de empatia” da categoria docente com a greve e isso se dá pelas beiradas, tal como reduzir de 101 dias para agora 100 dias letivos para o período noturno e assim por diante.

A grande questão é que a interrupção, alongamento ou cancelamento do calendário acadêmico, mais do que penalizar os docentes, obviamente prejudica os estudantes que querem estudar, cujas famílias estão sustentando na cara Florianópolis e isso parece não interessar quem está com essa ideia inovadora que não leva a nada do que se quer e sobre esse assunto basta ler com atenção o feliz artigo “Demagogia e irresponsabilidade” do Prof. Romeu Bezerra e outros no próprio site da Apufsc.

Pois bem, Diretoria da Apufsc, será que vocês possuem interesse em apoiar a resolução do problema das matrículas dos estudantes beneficiários da PAA com o aparato jurídico, financeiro e político que o sindicato docente possui e que nenhum coordenador de curso possui isoladamente ou em grupo?

Por fim, já encaminhamos que frente à falta de condições de trabalho docente neste semestre, ao invés de interrupção, suspensão ou qualquer outro empecilho à execução do calendário acadêmico, voltemos ao modo remoto como forma de vacina para que parem de detonar silenciosamente a categoria docente e como consequência direta e imediata – prejudicar os estudantes.

*William Barbosa Vianna é professor associado do Departamento de Ciência da Informação da UFSC