Brasil precisa de uma política de ciência consistente para direcionar os usos da Inteligência Artificial, defende presidente da SBPC

Renato Janine Ribeiro ressaltou que os debates sobre IA precisam ser levados à 5ª CNCTI, maior encontro para definição de políticas científicas nacional, que acontecerá em junho, em Brasília

O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Renato Janine Ribeiro, participou na última terça-feira, dia 9, da programação do 8º Colóquio de Bioética, Neuroética e Ética da IA, na PUC Rio Grande do Sul. Em sua fala, Janine Ribeiro afirmou que o Brasil precisa definir uma estratégia nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) para que, assim, possa vislumbrar usos governamentais da IA.

Filósofo e professor da Universidade de São Paulo (USP), Janine Ribeiro dividiu suas falas em dois temas – a popularização recente das IAs, com destaque ao uso do ChatGPT na Educação e seu impacto na escrita, e as inteligências artificiais nos programas políticos.

Para o pesquisador, uma das questões nos debates sobre tecnologia é que eles partem dos problemas que surgiram, para depois vislumbrar novos usos. “Durante muito tempo, sabem qual foi considerada a grande invenção tecnológica ou a grande descoberta do século XX? A energia nuclear. E como foi a sua estreia? Matando mais de 200 mil pessoas em Hiroshima e Nagasaki. Hoje, a gente sabe que essa tecnologia também funciona no combate ao câncer, funciona como geradora de energia, mas a estreia dela foi horrível. Se nós pegarmos outras inovações, a gente tem cenários parecidos.”

Além disso, Janine destacou falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o tema. O governo brasileiro foi convidado pelo primeiro-ministro espanhol a desenvolver em conjunto uma inteligência artificial em nossas duas línguas nativas, a fim de evitar o uso massivo de IAs americanas. Com essa proposta, Lula solicitou à ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, que levantasse alternativas para viabilizar essa ideia. “É importante esse tipo de política pública, para que o Brasil não seja apenas um espectador daquilo que se desenvolve nos Estados Unidos, na Europa e na China.”

O presidente da SBPC ressaltou ainda a importância de os debates sobre inteligência artificial, e da atuação do Brasil nessa área, serem incluídos na 5ª CNCTI, que acontecerá nos dias 4, 5 e 6 de junho em Brasília. O evento tem como objetivo definir a estratégia de política científica do País a ser implementada no período de 2024 a 2030.

Leia na íntegra: Jornal da Ciência