Projeto da UFSC oferece apoio à educação em escolas do campo de SC

Atividade conta com 120 docentes de Imaruí, Canoinhas e Santa Rosa do Sul

Um projeto executado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em parceria com o Ministério da Educação (MEC) tem oferecido educação continuada a professores da rede pública municipal e apoiado pedagogicamente escolas e a população rural de municípios catarinenses. A iniciativa, que está na terceira turma, conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu), que faz a gestão financeira dos recursos repassados pelo MEC para o desenvolvimento dos trabalhos.

O programa “Escola é Vida na Comunidade: Escola da Terra UFSC” foi realizado nos anos de 2014-2015 e depois em 2016-2017. Passou por um intervalo e retomado no final de 2023, quando iniciaram as ações de mobilização para as atividades, que, em 2024, são desenvolvidas nos municípios de Imaruí e Santa Rosa de Lima, na região Sul de Santa Catarina, e Canoinhas, no Norte catarinense.

“O objetivo do projeto é oferecer um curso de aperfeiçoamento para professoras e professores que trabalham no Ensino Fundamental, de forma que promova a reflexão sobre a produção do conhecimento desde a perspectiva da educação do campo, tendo como eixos a agroecologia, como meio de produção e preservação da vida, e a escola do campo, como espaço de fortalecimento comunitário”, detalha a coordenadora do projeto, professora Graziela Del Mônaco, do Departamento de Educação do Campo.

Com carga horária de 180 horas ofertadas em alternância, com momentos pedagógicos organizados em 120 horas de universidade e 60 horas de comunidade/escola, o curso é dividido em três etapas, com seminários de lançamento, formação mensal nos municípios ao longo de sete meses e seminários de finalização.

“O projeto desenvolvido pela UFSC também visa a contribuir com o fortalecimento de escolas, principalmente aquelas situadas nas áreas rurais dos municípios, bem como proporcionar a sensibilização sobre a importância da produção e consumo de alimentos saudáveis, a preservação ambiental em tempos de crise climática e o desenvolvimento de ações pedagógicas vinculadas à agroecologia”, acrescenta a coordenadora.

Fortalecimento

Na primeira edição, entre 2014 e 2015, participaram 184 docentes de 51 cidades de todo o estado. Na segunda edição, nos anos seguintes, foram 853 professores e professoras de 51 escolas de oito municípios (Canoinhas, Mafra, Monte Castelo, Papanduva, Bela Vista do Toldo, Irineópolis, Três Barras e Major Vieira), todas no Planalto Norte catarinense.

O atual projeto envolve 120 docentes de Imaruí, Canoinhas e Santa Rosa do Sul. Os participantes atuam no Ensino Fundamental de escolas da rede pública que atendem, prioritariamente, estudantes oriundos do campo das três cidades.

“O programa Escola da Terra busca fortalecer o desenvolvimento de propostas pedagógicas e metodologias adequadas às comunidades atendidas, no sentido de elevar o desempenho dos estudantes destas escolas”, explica a professora Graziela. 

Articulação

O projeto de extensão “Escola é Vida na Comunidade” insere-se no programa Escola da Terra, ação do MEC que se desenvolve no âmbito da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi).

O programa é uma das ações do Programa Nacional de Educação do Campo (Pronacampo), lançado pelo governo federal em 20 de março de 2012, e define ações específicas de apoio aos povos do campo e quilombola e enfrentamento das dificuldades de acesso ao ensino público, constituindo-se em política de educação específica para o campo.

Segundo Graziela, em Santa Catarina, o fechamento de escolas de campo é uma realidade desde os anos 1990 em função de políticas que estimulam a municipalização e nucleação das escolas.

“Além disso, o avanço do agronegócio, a falta de investimento público para a produção de alimentos pela agricultura familiar, a saída dos jovens do campo e o envelhecimento da população do campo contribuem para a diminuição da população do campo e do número de matrículas nestes locais”, acrescenta a docente.

A efetivação do programa nos estados é realizada a partir de trabalho articulado entre o governo federal, instituições de ensino superior, secretarias estaduais e municipais de Educação. Em Santa Catarina, a equipe envolve diretamente 23 pessoas, sendo nove docentes efetivos, dois substitutos e três pesquisadores da UFSC, um coordenador estadual lotado na Secretaria de Estado da Educação e oito tutores e tutoras, que são professoras e professores dos municípios atendidos.

Fonte: Notícias UFSC