Trajetória do padre foi enaltecida por conselheiros
Nesta terça-feira, dia 30, o Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (CUn/UFSC) aprovou a concessão do título de doutor Honoris Causa ao padre Vilson Groh em sessão especial. Foram 52 votos favoráveis, seguindo o parecer do relator do processo, conselheiro Sérgio Romanelli. A solicitação foi encaminhada pela Cátedra Antonieta de Barros após aprovação unânime no Departamento de Estudos Especializados em Educação do Centro de Ciências da Educação (CED) pela atuação do padre como educador popular e líder comunitário.
O padre Vilson tem sido um parceiro constante da Apufsc-Sindical. Por meio da ação Apufsc Solidária, o sindicato contribui com campanhas do Instituto Vilson Groh (IVG), com ações marcantes durante a pandemia de covid-19.

Em seu parecer, o relator tratou da concessão do título como um “sinal forte e necessário de reconhecimento da pluralidade religiosa e identitária do Brasil, e da centralidade, nessa identidade, das religiões afro-brasileiras e sua importância na construção e manutenção da multiplicidade cultural brasileira e catarinense”.
Romanelli destacou as constantes ameaças às diferentes identidades culturais do país, e a relevância do papel da UFSC, enquanto instituição pública e plural, na democracia, no enriquecimento da sociedade, e na valorização de quem está “atento às necessidades reais do cidadão brasileiro.” Romanelli também agradeceu o padre Vilson pelo exemplo que representa, e parabenizou a Cátedra pela indicação do título.
O texto incluiu, ainda, as justificativas apresentadas pelas professoras Joana Célia dos Passos, vice-reitora da UFSC, e Patrícia de Moraes, responsáveis pela solicitação do título através da Cátedra. Segundo elas, trata-se de “reconhecer a potência de uma trajetória de luta pela justiça social, produção de saberes e ciência e educação popular.” As professoras ainda acrescentaram que a homenagem reafirma o compromisso da universidade com “os territórios, com os saberes plurais, com as lutas pela dignidade.”
Homenagens dos conselheiros
A conselheira Joana, durante sua fala, lembrou que a intenção da Cátedra Antonieta de Barros é trazer o reconhecimento público a figuras que, historicamente, têm contribuído e construído uma sociedade antirracista, categoria que enquadra o trabalho do homenageado. Ela agradeceu os professores de todos os departamentos pelos quais a solicitação passou e foi aprovada, enaltecendo o padre Vilson como o “maior educador popular de Santa Catarina”, com a capacidade de “chegar onde a mão do Estado só chega armada”, e agradeceu por sua ação na construção de projetos de futuro para crianças e jovens da comunidade.
Outros conselheiros também manifestaram suas homenagens ao padre Vilson, agradeceram e parabenizaram o trabalho realizado pela Cátedra, bem como a iniciativa da indicação do título. O diretor do CED, Hamilton Wielewicki, descreveu a homenagem como “mais do que merecidamente aprovada por unanimidade em todos os espaços em que passou”, e lembrou do papel do padre para sensibilizar a própria UFSC a entender o espaço em que está inserida.
O conselheiro Narbal Silva o marcou como “exemplo de humanidade, de humildade e, ao mesmo tempo, de grandiosidade nas suas relações e nos seus feitos.”
Histórico do padre Vilson Groh
A trajetória do padre Vilson com a comunidade de Florianópolis começa em 1979, quando cursava Teologia no Instituto Tecnológico de Santa Catarina e começou suas ações com a população vulnerável do bairro Pantanal e teve seus primeiros contatos com religiões afro-brasileiras, como a umbanda, no Morro do Mocotó, local onde se estabeleceu após sua ordenação a diácono e presbitério, em 1981. Mais tarde se mudou para o Morro do Monte Serrat, e passou a dedicar todos os seus esforços para a fé a ação social das comunidades dos morros de Florianópolis.
Durante seu caminho, o padre uniu representantes de todas as esferas da sociedade, entre instituições das iniciativas públicas e privadas, de igrejas e das realidades sociais locais, para atuar conjuntamente em prol da dignidade da população vulnerável.
Em 1998 concluiu seu mestrado em Educação pela UFSC e, em 2011, fundou o Instituto Padre Vilson Groh (IVG), que coordena sete organizações sociais atuando em educação, cultura, juventude, direitos humanos e mobilização comunitária. A instituição oferece serviços gratuitos à comunidade, em especial voltados à formação educacional (do ensino básico à formação pré-universitária) dos jovens, com programas de apoio financeiro e a projetos de inovação tecnológica e social. Atualmente, aos 71 anos, Padre Vilson segue morando e atuando na comunidade do Monte Serrat.
A Apufsc-Sindical, através da Apufsc Solidária, é parceira do IVG, contribuindo com campanhas e doações, com ações marcantes durante a pandemia de covid-19. A UFSC também tem convênios com o instituto, mobilizando estudantes e professores através de projetos de extensão que atuam em conjunto com as comunidades.
O padre já recebeu outras homenagens. Em 2019 recebeu o Diploma de Mérito Educacional do Conselho Estadual de Educação e, em 2024, recebeu o título de doutor Honoris Causa pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). Este ano, 2025, também foi honrado com a Comenda da Ordem de Rio Branco no Itamaraty. O documentário “Pão e Beleza: Caminhos de Padre Vilson” também relembra sua trajetória.
Laura Miranda
Imprensa Apufsc
