Universidades federais têm déficit de ao menos 11 mil professores e técnicos

Em nota enviada ao Ministério da Economia, MEC cita 3.729 vagas não preenchidas de docentes e 7.273 de servidores; o Estadão destaca a situação do curso de Medicina da UFSC de Araranguá

As universidades federais têm um déficit de pelo menos 11 mil professores e servidores técnico-administrativos. São vagas para atender à demanda de graduações criadas na última década, como de Medicina, ou à expansão de cursos já existentes, mas os cargos não foram autorizados pelo governo federal. Com as lacunas, as instituições suspendem aulas, convocam docentes voluntários, deslocam professores de um câmpus a outro e relatam dificuldades para usar laboratórios.

A informação sobre o déficit de cargos consta de nota técnica do Ministério da Educação (MEC) enviada no fim de maio à Economia. No documento, obtido pelo Estadão, o MEC calcula que, dos 8.373 cargos de docentes prometidos às universidades, só 4.644 foram de fato autorizados (déficit de 3.729). Em relação aos técnicos – responsáveis por laboratórios e bibliotecas, por exemplo –, o problema é ainda maior: 7.273 cargos. No total, a rede federal tem 95 mil professores e 102 mil técnicos.

A falta de pessoal fica evidente sobretudo após a metade dos cursos, quando há mais demanda por professores especialistas. O Estadão ouviu dirigentes de oito federais em todas as regiões do País, que dizem fazer “malabarismos”.

Improviso

Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), uma das melhores do País, o problema ficou evidente na Medicina do campus Araranguá, sul do Estado. O curso foi criado no programa Mais Médicos – de 2013, na gestão Dilma Rousseff (PT), para elevar o total de profissionais de saúde no Brasil.

Novas turmas entravam, mas as cadeiras de professores continuavam vazias. “Uma conta que não fechava”, resume Pietro Casagrande, de 22 anos, aluno do 4º ano. A previsão de ter só uma hora de aula semanal fez um grupo de alunos ir ao Ministério Público Federal em 2021. Os estudantes conseguiram contratações, mas cursos com menos visibilidade continuam com lacunas, diz o pró-reitor de Graduação da UFSC, Daniel Vasconcelos.

Leia na íntegra: Estadão