Presidente da Apufsc-Sindical tratou da conjuntura internacional, nacional e dos desafios da educação
O presidente da Apufsc-Sindical e anfitrião do XXI Encontro Nacional do Proifes-Federação, Bebeto Marques, fez o discurso de abertura do evento, na noite desta quarta-feira, dia 30, em Florianópolis. Em nome da Diretoria do sindicato e dos delegados e delegas da Apufsc, ele desejou as boas-vindas aos participantes e às autoridades que formaram a mesa da solenidade de abertura. Na sequência, fez um discurso que tratou da conjuntura internacional, nacional e dos desafios da educação nesse contexto.
Confira na íntegra:
“Atravessamos um momento político conturbado e muito perigoso: guerras na Ucrânia e em Gaza, um verdadeiro genocídio com bombas e fome; o avanço da extrema-direita, cuja expressão maior é Trump nos Estados Unidos e Bolsonaro no Brasil, com pautas de destruição do estado do bem-estar social, a destruição de agências internacionais, como ONU, OMS, OMC, Corte Internacional de Justiça e Unesco; Ações que visam acabar com o multilateralismo em busca de governar o mundo com chantagens, ameaças, armas nucleares e tarifaço; o enraizamento do negacionismo da ciência e a gravidade da crise climática que já está comprometendo o futuro do planeta e a vida humana (ou parte da espécie) e a biodiversidade; o avanço das big techs sobre nossas vidas com as empresas de redes sociais, que em nome do lucro e da falsa liberdade de expressão utilizam e o espaço social para a disseminação de mentiras, ódio e alienação da mente e dos problemas reais; o avanço da inteligência artificial, da robótica e da internet das coisas com impactos o mundo do trabalho e ao meio ambiente. A dualidade da tecnologia nos impõe, urgentemente, seu controle social.
Portanto, estamos convivendo com grandes e preocupantes mudanças, cujas consequências econômicas, políticas, sociais e ambientais recaem especialmente sobre os mais pobres, sobre o mundo do trabalho e a formação profissional. São desafios que envolvem a ciência, a política e o sistema de justiça, e também as universidades e educação básica. Enfim, todos aqueles e aquelas comprometidos com os mais vulneráveis.
Há uma acelerada perda de direitos dos trabalhadores e a exclusão das pessoas a terem uma vida digna, lembrando sempre que o trabalho ou emprego sempre forma a grande promessa do liberalismo econômico e do capitalismo. Tudo isso coloca enormes desafios ao sindicalismo de todos os segmentos, incluindo o universitário.
A universidade está morrendo como ideal de humanização e de cultura, de sua função como instituição que cuida do saber, da produção do conhecimento científico e da formação profissional. Seja pelo avanço das empresas de tecnologia (bigtechs e seus datacenters, seja pela IA), pelo avanço das universidades de esquina (EaD), seja pelo cada vez maior desinteresse da juventude pela universidade.
O descompasso entre a universidade formadora e o seu papel em pensar antecipadamente o futuro do país mostra-nos uma instituição ao sabor dos ventos, que se torna apenas pragmática e a serviço do mercado e, por isso mesmo, repleta de sujeitos microempreendedores.
A despolitização das novas gerações de professores e alunos é enorme, cujas consequências mais imediatas são justamente o individualismo e a privatização das consciências e práticas sociais.
Nosso Encontro Nacional tem a oportunidade de debater essas e outras questões. É importante ir além da habitual pauta sindical como carreira, salários e condições de trabalho. Todos os eixos de discussão se interligam e envolvem temas como os de políticas públicas de educação, direitos humanos, ciência, que culminam com o desafio das políticas sindicais – este último um assunto por demais importante para enfrentar o esquerdismo e o corporativismo que impera nas entidades de nossa área de atuação.
É bom lembrar que ainda em 2025 e especialmente em 2026 temos um grande desafio de impedir o retorno da extrema-direita à Presidência da República e remover do Congresso Nacional esses conspiradores do estado democrático e de direito e da soberania nacional. Varrer os defensores do fascismo, os sequestradores do orçamento público, os golpistas e traidores do país.
Ao finalizar, destaco alguns de nossos grandes desafios, que orientam nossas ações:
- A regulação da inteligência artificial e redes sociais;
- A evasão na graduação e seus efeitos no contrato de trabalho e na desfuncionalização das universidades;
- O combate à precarização da profissão docente (salário, condições de trabalho e carreira);
- A garantia de financiamento pleno das instituições federais de ensino;
- O combate ao conservadorismo na educação e a negação da ciência;
- A garantia de aprovação do novo Plano Nacional de Educação (PNE), referenciado nas propostas da Conae/2024;
- O apagão de professores (ensino médio), sem precarização;
- O combate à expansão do EaD, especialmente na rede privada, como modalidade formativa principal no Brasil, e realizar análise e avaliação sobre nova modalidade de curso semipresencial, seus impactos e consequências;
- O estabelecimento de uma Política Nacional de Ensino Superior, considerando a proposta do Proifes de Lei Orgânica para as universidades;
- A necessária e urgente formação sindical para uma melhor compreensão sobre políticas educacionais e suas implicações no dia a dia de nossas atividades políticas.
Estamos felizes em recepcionar cada um e cada uma de vocês aqui em Florianópolis. A Apufsc-Sindical, repetidamente tem afirmado em nossa categoria a assertiva decisão de atuar federativamente no Proifes, de buscar modernizar o sindicalismo universitário por meio de pautas que envolvem a ciência, a participação social na construção de políticas públicas, dos direitos humanos e do ambiente, do campo geral da cultura, da solidariedade, da democracia e de defesa do serviço público. São lutas que se constroem com muita gente e com a organização social e política.
Desejamos um bom Encontro Nacional e que tudo o que aqui for debatido e decidido vire as linhas de ação do Proifes e dos sindicatos federados”.
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Bebeto encerrou seu discurso convidando aos presentes a assistirem ao vídeo institucional comemorativo aos 50 anos da Apufsc-Sindical:
Imprensa Apufsc