Bolsistas do CNPq temem não ter como estudar e onde morar

Com três medalhas de matemática, Victor Barbosa,  de 16 anos, é um dos estudantes que dependem da bolsa para continuar os estudos

Reportagem da Folha de São Paulo expõe a angústia de bolsistas diante dos cortes de verbas em uma das principais agências de fomento à pesquisa no país. O CNPq atualmente tem um déficit de R$ 250 milhões na verba destinada ao pagamento de bolsas, e o governo já anunciou que não financiará novos pesquisadores em 2019. Os R$ 80 milhões liberados pelo governo na semana passada para a Ciência e Tecnologia são insuficientes, segundo o ministro da pasta, Marcos Pontes.

Nesse cenário, muitos estudantes país afora temem que, de uma hora para outra, o governo corte sua bolsa de estudo  por falta de recursos. É o caso da família de Victor Barbosa. O jovem tímido, que aos 16 anos já foi três vezes medalhista na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (prata em 2016 e ouro em 2017 e 2018), recebe todos os meses R$ 100 de uma bolsa do CNPq. O benefício é destinado ao incentivo de alunos da educação básica para matemática, o PIC, (Programa de Iniciação Científica Jr). 

O dinheiro paga o transporte e a alimentação do estudante do 1º ano do ensino médio, que mora no bairro Cidade Patriarca, na zona leste de São Paulo, e todos os dias leva cerca de 1h30 para chegar na USP, onde tem aulas presenciais do PIC, uma preparação para a universidade e para ingressar no programa seguinte, o PICME (Programa de Iniciação Científica e Mestrado) do Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada). Nele, o mestrado é feito ao mesmo tempo em que a graduação. A bolsa, nesse caso, aumenta para R$ 400. 

Assim como Barbosa, Marcos Henrique Lima de Medeiros também depende do dinheiro que recebe da bolsa. O doutorando de 29 anos estuda no Instituto de Física da USP. Recebendo os R$ 1.500 mensais do CNPq, ele saiu da casa dos pais, em Jandira (SP), e divide um apartamento com amigos no centro.

A bolsa do doutorado é o que sustenta os estudos de Medeiros, que sonha em ser professor universitário e pesquisador. O aluguel do apartamento consome cerca de 31% dos 2.200 reais que ele recebe. Se ele perder a bolsa, não terá de onde tirar o dinheiro para o próprio sustento. 

O CNPq é responsável por um terço da ciência nacional. Seis em cada dez trabalhos de brasileiros publicados em 2017 e que receberam recursos de agências de fomento à ciência tiveram verba do órgão, segundo informações levantadas pela Folha em agosto. 

Leia a reportagem completa: Folha de S. Paulo