Dias melhores

Mais uma gestão encerra-se em nossa casa de trabalho. Correram aos quatro ventos, chamadas para assistirmos à posse de uma nova gestão, pois a velhad+ esta mesmo, que cerra as portas, que se entregou sem luta, que preferiu ser conivente com uma armação ou jogada política, sabe-se lá o quêd+ e, conseguiu cassar o salário de muitos colegas, quando estamos amparados pela lei, cientes de que uma ação transitada em julgado é irretocável. E a velha se retira de cena, alardeando aos quatro centrosd+ humanas, tecnológico, saúde e básico que combateu o bom combate, que a batalha foi vencida, que os resultados estão aíd+ para quem quiser conhecer. Não minto. Basta adentrar nas páginas do site da UFSC, que lá estará: fizemos isto, cumprimos aquilo, melhoramos acolád+ e o bonde continua seu trajeto. Já foi tarded+ aliás, muito tarde, deu o tapa, e mostrou a mão do vizinho mais próximo, a nova gestão. Esta sim, terá que tentar explicar direitinho de onde veio o tapa desferido à queima-roupa.

Plagiando o grupo musical Jota Questd+ “vivemos esperando por dias melhores, dias a mais, dias de paz, dias que não deixaremos para trás”. A esperança cavalga livre por entre nossos sonhos, corre solta e fagueira por entre os campos floridos de nossos anseios, sacia-se em fontes límpidas e refrescantes dos desejos de paz e tranqüilidade. Desejos de simplesmente podermos trabalhar em paz, de sermos recompensados pelos nossos esforços, de podermos produzir em prol da comunidaded+ de formarmos cidadãos atentos aos diferentes problemas da sociedade. Porém, uma vez mais, não podemos prever o futuro e saber qual rumo seguiremos no decorrer desta nova gestão. Resta-nos o trabalho, a luta e a esperançad+ lá num cantinho, no fundo da nossa almad+ a esperança reina absoluta. Entretanto, é engraçado e ao mesmo tempo trágicod+ que ainda, mantenhamos algum tipo de esperança, que nosso coração e alma se embalem ao som de uma ladainha de promessas que na verdade não sabemos como irá se encaminhar, que não sabemos se não passam de chalaças ou de real interesse no bem comum e não no interesse privado. E mesmo assimd+ na esperança, nesta acreditamos com efusão. 

Exemplos não faltam, estão aí para comprovar o que escrevo. Não nos iludamos, ou não continuemos a iludir-nos. Até a presente datad+ o projeto que trataria do reajuste do funcionalismo, está engavetado em alguma escrivaninha, ou engaiolado em algum porão sujo e imundo de algum navio pirata, que saqueia nosso bolso dia após dia. E o tempod+ já não mais nosso aliado, transformou-se em nosso inimigo, corre a passos largos, galopa ligeiro rumo ao prazo final estipulado para resolver-se a questão da URP. Todo este circo, este teatro bem montado e ensaiadod+ com certeza já não sabemos que final terá esta peça. Estrategicamente alguns votarão contra, outros a favor e outros tantos se absterão, de modo que ao final do processo, o criminoso sairá como vítima, coberto de razãod+ como herói. Não nos iludamos mais com este jogo de cenas, tudo já é acertado de antemão, o resultado final, todos sabemos qual será sempre. 

 “Nobres colegas, excelências”d+ como respeitosamente os membros de senado e da câmara se alcunham: “Vossa excelência recolha-se a vossa insignificância”, como muitas vezes assistimos nas transmissões ao vivo desta garabulha, desta baderna generalizada. A verdade salta aos nossos olhos, se escancara e se descortina como num claro dia de Sol. Estes atos, estas ações querem na verdade ocultar algo que já não pode mais ser ocultado, querem distrair nossa atenção, desviar nossos pensamentos, camuflar a verdade inelutável que se aloja nas mentes destes escrófulas, qual seja: – o assassinato da esperança, a morte dos verdadeiros valores, tais como a ética, a moral, um caráter indelével e colocar por terra as verdadeiras conquistas de um povod+ educação de qualidade, saúde e justiça para todos. Pois, em sendo assim, ficarão com os despojos e dominarão absolutos sobre o que restar desta nação. Deixarão que dominem absolutas a ignorância e a injustiça, irmãs da destruição e da loucurad+ pois neste caso quem lhes fará frente? 

Tudo leva ao entendimento que em breve, nós os trabalhadores, professores, funcionários públicos, médicos, operários, balconistas logo deveremos nos esconder de tanta vergonha por ainda podermos pensar, protestar e exigirmos que sejamos respeitados enquanto pessoas, enquanto trabalhadores honestos e cumpridores de seus deveres. Muitas vezes é de lamentar a nossa inércia frente a fatos que ocorrem em nosso próprio local de trabalho. Mas nada é feito. E o que fazemos nós professores? Continuamos em nosso pedestal, alheios aos fatos que saltam á nossa vista. Não tomamos conhecimento que só o diálogo não interessa? É necessário muito mais que diálogo, é necessário uma ação enérgica e contundente. Porém, continuamos como a Hidra de Lerna, impassíveis.

É de se lamentar, e muito, a falta de uma política de valorização do servidor público, o denegrimento de nossa imagem, que já vem sendo deturpada há algum tempo. Vejam as condições de trabalho de nossos colegas TA”s lotados em nosso Departamento de Física. Sra. Leda, Sandra, Mariazinha, a Neuzinha, a Tânia, Telma, Zampiron, Ernany, Lobinho e tantos outros que aí estão. Sempre são solícitos em nos atender quando a eles recorremos. Estão sempre prontos a nos auxiliar em nossas tarefas diárias, lógico dentro de suas possibilidades, não medem esforços em suas tarefas diárias.

É lamentável sim que eles, e nós também, continuemos esquecidos por este governo degradante, que alguns travestem-se com uma couraça do estoicismo falso e peleguista para defendê-los. Quando nossa última alternativa para a luta salarial é uma greve geral e irrestritad+ nós em nosso altíssimo pedestal, nada fazemos, ignoramos, seguimos em frente, preocupados com nossos afazeres diáriosd+ egoístas. O bem comum não importa. Meu bem incomumd+ a mim mesmo, este sim importa.

Ora, é lamentável sim senhores, a luta das cobiças que permeia nosso dia a dia, que obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz a consciênciad+ e o melhor da obrigação é quando, à força de se tentar embaraçar e coagir os outros, embaça-se a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosad+ e a hipocrisia que é um vício hediondo.

 Desculpem-me senhores, mas vou continuar exercendo minha liberdade de escrever o que penso sim, talvez alguns se sintam ofendidosd+ talvez até xinguem ou critiquem-me, não tem problema algum, aqueles que sentem-se acuados em seus melindres, por favor, apenas recolham-se a sua insignificância, plagiando os palhaços do senado.

Esperemosd+ só isto resta-nos, que esta nova gestão nos deixe seguir o rumo correto e defenda-nos quando o oportuno momento chegar. Não queremos milagres ou favores, queremos apenas trabalhar em paz, sem o famoso clima de terror e de coaçãod+ isto só, é o que pedimos. Esperando dias melhores, é como vivemos e como viveremosd+ enquanto esperarmos alguma coisa de alguém, e não corrermos atrás daquilo que realmente acreditamos.

E vou parar por aqui, pois isto daria um tratado uma tese imensa, porém como diz o poeta Falcão: – A burguesia feded+ mas tem dinheiro para comprar caros perfumes.