Coração monitorado de longe

O argentino Angel Alberto Yaramani, 58, poderia estar recebendo flores no cemitério, como ele mesmo diz. O eletromecânico, que sofreu um infarto em 10 de novembro foi salvo pela agilidade do programa de Telemedicina – uma ferramenta desenvolvida, há três anos pelo Grupo Cyclops, do Departamento de Informática e Estatística, do Centro Tecnológico da UFSC. Até então, a ligação dele com a universidade era mínima. Ele conheceu a instituição, há três anos, quando foi fazer um trabalho.

O Telemedicina está instalado em 285 municípios de Santa Catarina e permite que exames, como eletrocardiograma e eletroencefalograma sejam feitos nas próprias cidades. Depois, eles são enviados, pelo sistema, a médicos da rede estadual de Saúde que analisam e dão um laudo, tudo via Telemedicina. O paciente não precisa ir até um local com especialista para receber o resultado.

Na manhã do infarto, quando chegou à policlínica de Garopaba, onde mora há 34 anos, Angel estava sentindo uma dor estranha na garganta.

– Eu tinha começado a quebrar uma parede, para fazer as instalações na casa de um cliente e senti a dor. Parei tudo, porque achei que era da poeira da parede. Fui para casa e pedi para minha mulher me levar ao posto.

A médica que atendeu o eletromecânico, verificou que a pressão estava muito alta e pediu um eletro.

– Até então, eu estava bem. Não sentia nada, não me doía nada.

Como a médica notou uma alteração no exame, enviou os dados pelo Telemedicina e pediu urgência na resposta do laudo. Normalmente ele chega em até 72 horas, diante das circunstâncias. Neste caso, veio em minutos. Angel estava infartando. Precisou ir às pressas ao Hospital Regional de São José, na Grande Florianópolis.

A diretora da policlínica de Garopaba, Cátia Marcon, observa que com aquele laudo nenhum hospital público poderia negar uma vaga a Angel.

– A agilidade da médica e do Telemedicina foram vitais. Se não fosse isso, ele teria ido embora dessa vida por uma dor de garganta.

O argentino só teve noção de que o caso dele era grave quando chegou ao hospital de maca e as pessoas abriram a passagem e as portas rapidamente para ele passar. Saiu de lá com duas angioplastias.

A operadora do programa em Garopaba, Zélia Lima Chaves, garante que ele é um sistema simples de mexer, mas que exige comprometimento e atenção. O formulário com informações do paciente, que passou a ser exigido em agosto deste ano, precisa estar todo preenchido e não pode haver nenhum dado errado. Também é preciso ter a certeza que a imagem do exame está correta.