Escolas municipais de Florianópolis também reabrem com falta de professores

As escolas municipais de Florianópolis voltaram a funcionar ontem com o mesmo problema que os colégios estaduais apresentaram na semana passada: falta de professores. De acordo com um levantamento da Secretaria Municipal de Educação, em praticamente todas as 108 unidades da rede, há ausência de pelo menos um docente. Como ontem e hoje está sendo feita a segunda chamada para funcionários temporários que ocuparão 168 vagas, a promessa é que a questão esteja resolvida até amanhã.

Apesar de a situação ser menos crítica que na rede estadual, começar o ano letivo dessa maneira desestimula os estudantes, além de afetar o aprendizado. “O desenvolvimento dos alunos depende do entrosamento deles com o professor. Se o docente não está na sala logo no início, esse processo fica comprometido”, explica o professor e integrante do setor de educação do Sintrasem (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Florianópolis) Carlos Müller.

A diretora da Escola Básica Almirante Carvalhal, em Coqueiros, Eloísa Ezequiel, compartilha da opinião. “Prejudicar sempre prejudica.” Mas ressalta que, na rede municipal, existe a figura do auxiliar de ensino, preparado para substituir o professor, usando o plano de ensino ou fazendo outras atividades. Assim, os estudantes não precisam ser mandados para casa.

Com a falta de docentes, no Carvalhal, esses profissionais assumiram aulas de Educação Artística e História. Mas, para a aluna do 8º ano Ariane Varella da Silva, 16 anos, isso não é suficiente. “Sempre se perde matéria. E, às vezes, a gente fica sem fazer nada na sala”, conta.

A diretora da Escola Básica João Alfredo Rohr, no Córrego Grande, afirma que o ideal seria que todo o processo de contratação de professores fosse feita antes do início do ano letivo. “Mas já melhorou bastante na comparação com os outros anos”, diz.

Para alunos, volta às aulas é festa

Maria Luiza Alves de Souza, sete anos, acordou ontem às 7h quase sem reclamar, apesar de ter dormido até tarde durante as férias. Levantou rápido, correu para o banheiro, lavou o rosto, vestiu a roupa que tinha escolhido no dia anterior, comeu bolo e tomou café com leite, pegou o material escolar e saiu com a mãe, na chuva, para voltar às aulas. Depois de caminhar 15 minutos, chegou na Escola Básica Almirante Carvalhal, toda sorridente, e foi recebida com um “Bom dia, flor” pelo auxiliar de serviços Serafião Machado, que diariamente fica na porta da escola cumprimentando todos com um sorrido enorme no rosto. “Ah, que saudade que eu estava disso”, diz Serafião para a mãe de Maria Luiza, a servente Érica Alves de Souza, 30.

Para muitas crianças e adolescentes, o primeiro dia de volta ao colégio foi parecido com o de Maria Luiza, cheio de animação, apesar dos conhecidos problemas da rede pública de educação. A aluna do 7º ano Emilly Barbosa dos Santos, 12 anos, admite que estava com saudades da escola por causa dos amigos, entre eles Serapião. “A gente fala tudo para ele. Nossos segredos, problemas com namorados. Ele conversa com a gente, dá conselhos”, conta. Mas a estudante também diz que voltou disposta a estudar, já que diz que essa série é difícil.