Diretor geral do campus de Araranguá admite que quadro de pessoal está defasado

O diretor geral do campus, professor Sérgio Peters, reconhece alguns problemas de estrutura, mas afirma que as providências estão sendo tomadas. Ele também admite que os professores estão sobrecarregados e que algumas coisas precisam ser melhoradas.

Boletim – Como está a estrutura do campus de Araranguá?

Sérgio Peters – O campus de Araranguá está no terceiro ano de implantação. Começamos em 2009. Começou com um prédio pequeno num primeiro momento para atender basicamente ao primeiro curso. Depois nós planejamos os próximos prédios e os próxi­mos cursos. Nosso projeto pedagógico foi construído a partir desse período. Ele não estava pronto. O projeto para a construção do prédio dois está em conferência. Foi entregue pela empresa e está em fase finald+ estão conferindo os números para colocar em licitação este ano ainda e construir no ano que vem. Mas nossa es­trutura realmente é limitada. O prédio é pequeno e, para atender todos os quatro cursos, não é suficiente. Hoje todos os alunos estão aqui, mas nós não temos aqui laboratórios específicos. Então a estrutura não é a que agente precisa. Mas os cursos estão no inicio e os primeiros laboratórios estão fora daqui.

Boletim – E o quadro de pessoal?

Peters- Também está defasado. Estávamos con­tanto com as 150 vagas previstas no Reuni e a UFSC não recebeu estas vagas. Técnicos nós recebemos, num concurso realizado agora para nove técnicos administrativos em educação. Na docência estamos defasados. Estamos fazendo seleção de professores substitutos, mas temos dificuldades em conseguir candidatos. Aqui não há muita disponibilidade, não é como em Florianópolis onde há estudantes de douto­rado que são potenciais candidatos. Nós estamos com 23 professores efetivos e nove substitutos, mas o ideal é que fossem todos efetivos. A Administração Central tem atuado junto ao MEC, junto ao Ministério do Planejamento, não só o Reitor, mas há um movimen­to grande no Brasil todo para que essas vagas sejam liberadas, porque, realmente, o que faz mais falta é o pessoal. Os professores daqui estão sobrecarregados. Eles dão aula dentro de sua área de formação, mas nem todos dentro de sua área de doutorado. A idéia é que cada um estivesse atuando dentro da área que fez o doutorado. Mas na sua área de formação básica eles estão atuando, todos.

Boletim – A biblioteca do campus atende às atuais necessidades?

Peters – Ela está sendo implantada gradativamente. O espaço dela é razoável para o nosso número de alu­nos. O número de volumes atende a nossa demanda para complementar nosso projeto pedagógico. Os alunos chegaram a reclamar que faltava mais material na área cultural. Pedimos para eles fazerem sugestões que foram contempladas.

Boletim – Como está elaboração do regimento do campus?

Peters- Na verdade quando se pensa no regimento temos que definir claramente o que se pensa para os três câmpus a longo prazo. Nós fizemos uma discussão interna avaliando um câmpus com várias áreas de atuação, com várias áreas de conhecimento. Nós já temos aqui uma área tecnológica e já temos uma área de biociência, que é a área da saúde com o curso de fisioterapia. Então a gente já tem duas áreas grandes e nós imaginamos um regimento que previsse centros de ensino, por exemplo, como em Florianópolis, mas não necessariamente Departamentos. É uma idéia in­teressante para integrar as pessoas, como em Joinville, que foi o primeiro a definir o projeto pedagógico. Eu acho que é interessante ter todo mundo integrado no mesmo ambiente para trocar experiências. Mas o que nós percebemos aqui é que as duas grandes áreas tinham que ter um tratamento diferenciado, elas tem suas peculiaridades. Nós pensamos num regimento de um câmpus integrado, mas que contemplasse essas grandes áreas. Essa é uma proposta que nós levamos para o gabinete do Reitor e estamos avaliando. Vão acontecer algumas reuniões daqui pra frente para definir isso.

Boletim – No início deste semestre os alunos do campus fizerem uma série de manifestações cobrando mais estrutura. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

Peters – Nós estamos sempre em permanente contato com a Reitoria e com os órgãos que atuam nesse sentido. Por exemplo, na infraestrutura, o que nós fizemos? O pedido de mais agilidade na construção dos novos prédios. Mas na verdade nós já estamos sendo ágeis porque realmente o projeto de um prédio grande, com 4 mil metros quadrados, com laboratórios de ensino, exige um tempo maior para ser executado. Nós estamos trabalhando no projeto praticamente desde o inicio do ano e a gente tem pressionado, digamos assim, e principalmente buscado recursos. A maior reivindicação dos alunos é de infraestrutura. Eles tem razão. O ideal é que já tivéssemos os prédios prontos com os laboratórios prontos, mas não temos ainda, então estamos procu­rando atender através de outros laboratórios, como os do Instituto Federal, que tem condições de atender a gente. Se for necessário faremos novas parcerias com outros laboratórios de outras universidades aqui da cidade para atender aos alunos. Não é a situação ideal, é uma situação de transição, enquanto não temos laboratórios aqui no câmpus. A previsão é que os prédios fiquem prontos até 2013.

Boletim – Qual a sua avaliação do Reuni?

Peters – Eu acho que deu certo sim. No caso de Araranguá, nós demoramos um pouco para definir o projeto pedagógico do câmpus. Em agosto de 2009 começou o curso de Tecnologia da Informação e Comunicação, em março de 2010 o de Engenharia de Energia e em março de 2011 começaram os cur­sos de Fisioterapia e de Engenharia da Computação. Inicialmente não tínhamos a previsão desses quatro cursos. O projeto Reuni original previa outros cur­sos e previa cursos que a comunidade não aprovou, a própria UFSC achou que não eram adequados para essa região. Para se ter uma idéia, inicialmente tinham sido previstos no projeto original os curso de Administração, Relações Internacionais e Ecotu­rismo, o que não foi bem aceito, digamos assim, pela comunidade, pela associação de municípios. Então a Reitoria propôs iniciar com a área de informática que exige menos estrutura, necessita basicamente de laboratórios de informática, que nós temos aqui. Eu diria que o Reuniu foi muito importante, permitindo que a gente viesse para o interior. E no caso dos três câmpus da UFSC foram criados cursos diferentes dos da sede. Florianópolis oferece um campo grande de cursos e aqui oferecemos cursos diferentes, como em Joinville e Curitibanos também. Hoje nós atendemos mais esses 500 alunos que provavelmente Florianó­polis não atenderia. Talvez alguns sim, mas a maioria não estaria estudando na UFSC. Nossos professores efetivos todos tem doutorado, tem formação básica nas áreas que eles estão ministrando aulas. Ainda não é o ideal, reconheço que ainda falta bastante, é um processo que nós vamos trilhar por uns três anos ainda, talvez, para termos uma situação estável.