Os números do governo para evitar pressão por novas greves

por Gerson Camarotti

Nas negociações com os servidores federais em greve, o governo tem argumentado que algumas categorias receberam um reajuste real superior a 100% entre 2003 e 2012. Enquanto a inflação do período foi de 75,3%, um técnico administrativo com nível superior teve reajuste de até 469%. Isso representa um reajuste real, descontando a inflação, de 110,63%, para início de carreira e de até 225% para final de carreira. Hoje, os salários de um técnico administrativo variam entre R$ 2.989 e R$ 9.887 contra salários que variavam entre R$ 810 e R$ 1.735, em 2003.

Já um auditor fiscal da receita federal recebeu um reajuste superior a 160%. Descontada a inflação, o reajuste real ficou entre 50% e 55%. Em 2003, um auditor em início de carreira recebia R$ 5.003. E o salário máximo era de R$ 7.376. Hoje o salário inicial de um auditor é de R$ 13.600, e pode chegar até R$ 19.451. Já um analista tributário da Receita Federal em início de carreira recebeu um reajuste de real de 93%. O salário passou de R$ 2.360 para R$ 7.996. Com esses números, o governo tenta diminuir a pressão por greve de novas categorias.

Miriam Belchior alerta para “propostas exageradas” de grevistas

Com o impasse nas negociações entre o governo e os servidores públicos federais em greve, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, fez um alerta: o momento atual exige ponderação e não propostas exageradas.

Em entrevista exclusiva ao Jornal das Dez, da Globo News, a ministra foi além, e disse que a política para os servidores é a mesma desde o início do governo Lula, em 2003.

“Nós estamos levando em conta esse período, e não apenas um ano e meio de governo da presidente Dilma Rousseff”, ressaltou Miriam Belchior. E fez questão de ressaltar que o governo analisa as contas públicas para fazer uma “proposta responsável”.

Leia trechos da entrevista:

Momento de ponderação

“Qualquer greve tem que preocupar o governo. Mas quero reiterar: todas as categorias tiveram aumentos reais bastante expressivos, se considerar de 2003 até o ano de 2012. O que espero é que haja uma postura mais adequada ao momento da economia que nós estamos vivendo e que exige ponderação e não propostas exageradas, que nós acreditamos que estão sendo apresentadas.”

Continuidade da política do governo Lula

“A política para os servidores é a mesma desde 2003 até agora. Não é uma política de um ano e meio só. Então, quando nos estamos agora negociando com os servidores, nós estamos levando em conta esse período, e não apenas um ano e meio de governo da presidenta Dilma Rousseff. E nesse momento de crise internacional, de dificuldades enormes, nós do governo estamos fazendo todas as contas com muito cuidado para fazer propostas responsáveis aos servidores.”

Prazo final para negociações

“Temos um prazo legal de apresentar o orçamento e os projetos de lei de aumento aos servidores até o dia 31 de agosto. Como eu já disse, o nosso prazo para apresentar a proposta aos servidores, depois de fazer contas muito rigorosas, levando em conta a situação internacional, é final de julho começo de agosto, que é o tempo a partir do qual é possível fechar a proposta orçamentária a ser enviada ao Congresso Nacional”.

O limite

“Não é possível atender R$ 90 bilhões, que é a soma das demandas dos servidores. Isso é metade da folha atual. Por si só esse número já demonstra que não é possível atender a demanda do tamanho como foi apresentado ao governo.”

Professores universitários

“Eu acredito que a proposta que o governo apresentou aos professores é muito boa. Está além do que eles vinham colocando na mesa de negociação, que era uma equiparação com a área de ciência e tecnologia. A proposta apresentada vai muito além disso. Estamos garantido o poder de compra dos professores dando aumento superiores aos doutores, aos de dedicação exclusiva, que são fundamentais para sustentar uma universidade de qualidade e de excelência.  Esperamos que nos próximos dias a gente consiga fechar um acordo com os professores.”