Apenas 15% dos professores no ensino superior pago do País são doutores

O número de professores com doutorado nas instituições de ensino superior privado no País aumentou apenas 3,3 pontos porcentuais em uma década, de 2001 a 2010. Do total de docentes nas entidades particulares, 15% têm grau acadêmico de doutor – cerca de 33 mil pesquisadores. Nas instituições públicas, o porcentual de doutores saltou de 36% para 50% no mesmo período.

Os dados sobre a evolução na titulação dos professores fazem parte do relatório do Censo da Educação Superior de 2010, consolidado em agosto deste ano pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).

No documento, o Inep afirma que o porcentual atual das funções docentes de doutorado nas particulares é Equotd+bastante reduzidoEquotd+. Já a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) – entidade que representa 400 instituições privadas – alega que a maioria das unidades particulares não tem o título de universidade.

Segundo o consultor educacional da Abmes, Celso Frauches, como a maioria das instituições privadas é formada por centros universitários ou faculdades, não haveria obrigação de realizar uma pesquisa com professores de maior titulação nem de oferecer cursos de doutorado, por exemplo. Equotd+Essas instituições não são destino do professor-doutorEquotd+, afirma Frauches.

Mas, segundo o professor da Faculdade de Educação da USP Ocimar Alavarse, as faculdades devem sim Equotd+problematizarEquotd+ algum tipo de pesquisa. Segundo Alavarse, o professor com doutorado teria uma preparação mais sólida. Equotd+O título de doutor não significa um título de nobreza, significa que alguém passou pelo menos sete anos como pesquisador.Equotd+

Relevância. O MEC também destaca a importância dos doutores no conjunto das instituições privadas. Equotd+Obrigatório ou não, é sempre bom um professor titulado. A formação de pós-graduação é importante também nas faculdadesEquotd+, afirma o secretário de Educação Superior da pasta, Amaro Lins.

Para José Roberto Covac, diretor jurídico do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino de São Paulo (Semesp), o MEC deveria oferecer mais vagas e bolsas de estudo nos programas de pós-graduação. Ele alerta que a contratação de professores com maior titulação e em regime de dedicação exclusiva para desenvolvimento de pesquisa teria um impacto Equotd+evidenteEquotd+ na folha de pagamento das instituições privadas. Equotd+O que pode gerar um risco de eventual elitização do ensinoEquotd+, fala.

Segundo Ana Maria Ramos, do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) em São Paulo, as instituições privadas deveriam oferecer plano de carreira para o seu corpo docente.

O analista da Hoper Educação Alexandre Nonato destaca um outro ponto. De acordo com ele, no interior do País e em alguns Estados não haveria doutores em número suficiente para atender à demanda das instituições particulares. Equotd+O MEC precisa encontra uma solução para ajudar as privadasEquotd+, afirma.

Essa questão pode ser confirmada ao se analisar os dados de formação de doutores no País. Segundo o MEC, enquanto São Paulo formou quase 5 mil dos 12 mil doutores em 2011, os Estados da Região Norte formaram apenas 214.

Domínio. O quadro de titulação nas privadas deixou de ser dominado pela especialização. Em 2001, os docentes com nível de até especialistas eram 52%. No final da década, o porcentual ficou em 41%. Essa mudança fez com que o número de mestres assumisse o topo, representando 43%do quadro geral.