Bolsonaro planeja tirar verbas da área de humanas das universidades

Plano do ministro do MEC tem objetivo de “focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte”

Na manhã desta sexta-feira (26), o presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta no Twitter que o governo deve “descentralizar” recursos para áreas de humanas, como filosofia e sociologia, em universidades. Segundo ele, o objetivo é “focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte”, como veterinária, engenharia e medicina.

Em um segundo post, logo em seguida, o presidente afirmou que “a função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte, ensinando para os jovens a leitura,  escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta”.

 

Ainda de acordo com a mensagem, a ideia faz parte do plano do novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, que já havia feito críticas ao investimento em áreas de humanas, dizendo que o filho de um agricultor deveria escolher cursos como veterinária e medicina, em vez de antropologia. “Precisamos escolher melhor nossas prioridades porque nossos recursos são escassos. Não sou contra estudar filosofia, gosto de estudar filosofia. Mas imagina uma família de agricultores que o filho entrou na faculdade e, quatro anos depois, volta com título de antropólogo?”, afirmou o ministro assim que tomou posse no cargo.

O ministro não detalhou como a “descentralização de recursos”  funcionará, mas disse que os alunos atuais não serão afetados e adiantou se espelhar no Japão, país que tomou medidas semelhantes na área da educação. “O Japão que é um país que está tirando dinheiro público, do pagador de imposto, de faculdades para a pessoa que já é muito rica, como, por exemplo, filosofia. Pode estudar filosofia? Pode, com dinheiro próprio.”

O MEC envia recursos para as mais de 60 universidades federais do País. A política, se colocada em prática, vai afetar principalmente pesquisas nas áreas de humanas. Os professores e pesquisadores podem sofrer corte de bolsas, a maioria delas também fornecidas por órgãos do MEC.

Esse já era um temor de pesquisadores da área de humanas desde a eleição de Bolsonaro. Sem bolsa, eles não são capazes de fazer pesquisas, primordiais para o  aprimoramento e para a produção de novos conhecimentos.

Weintraub também já disse que é preciso combater o chamado “marxismo cultural” nas universidades. Ontem, o ministro afirmou  que vai anunciar medidas “agressivas” em breve.

 

 

O Ministro da Educação @abrahamWeinT estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas). Alunos já matriculados não serão afetados. O objetivo é focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina.

— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) April 26, 2019

Leia: O Estado de São Paulo/Veja

 

 


C.G/L.L