18 das 20 maiores depositantes de patentes no Brasil são universidades públicas

Cortes nas universidades representam perdas para empresas que investem em inovação 

 

As universidades públicas são as instituições que mais patenteiam no Brasil. Segundo dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), das 20 organizações com sede no Brasil que mais depositam patentes, 18 são universidades públicas, 16 delas federais.

A universidade que mais apresentou pedidos para proteger seus projetos  em 2017 (último dado disponível) foi a Unicamp, com 77 depósitos de patentes. Ela é seguida pelas federais de Campina Grande (PB) e Minas Gerais, com 70 e 69 pedidos, respectivamente.

Os cortes no orçamento das universidades federais e os congelamentos de bolsas de estudo anunciados pelo governo resultam em perda de competitividade para as empresas que investem em inovação, avaliam entidades ligadas a este mercado.

Ao comprometer  atividades nas universidades, os cortes de recursos afetam  a  relação entre a pesquisa acadêmica e o mercado.  Segundo o vice-presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), Luiz Eugênio Melo, as universidades públicas são decisivas para tornar o Brasil um país competitivo na economia global. A associação reúne 124 empresas, entre elas Totvs, Natura, 3M, Petrobras e Vale.

O papel das universidades na inovação é fundamental, na visão de Melo, por elas “assumirem a pesquisa em nível mais básico, quando ainda não há clareza sobre qual será a aplicação do objeto de estudo no mercado. Nesse momento, a pesquisa envolve maiores riscos e necessidade de investimentos, de um lado, e grande potencial de ganhos, de outro”.

Rodrigo Afonso, presidente do Dinamo, grupo que reúne startups e investidores desse mercado, afirma que a maior parte das descobertas que podem ser aproveitadas pelo mercado, no Brasil, surgem da universidade pública. “O corte prejudica os novos cientistas que, no futuro, virariam os próximos criadores de startup”.

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