Isenção a ruralistas custará R$ 84 bilhões

O valor a ser poupado dos ruralistas é mais de seis vezes maior que o valor que o governo pretende economizar às custas da reforma na aposentadoria dos servidores públicos na União, estimado em R$ 13,8 bilhões

Um destaque  – emenda que modifica o texto original – aprovado às 2 horas da madrugada desta sexta-feira (5) na comissão especial da reforma da previdência beneficiou grandes produtores rurais e vai custar cerca de R$ 84 bilhões aos cofres públicos, informa o jornal O Estado de São Paulo. Esse valor que o governo vai deixar de cobrar de grandes fazendeiros é mais de seis vezes maior do que a economia que o governo prevê com as mudanças na aposentadoria dos servidores públicos da União, estimada em R$ 13,8 bilhões.

O requerimento manteve a isenção previdenciária a qual já usufruem os grandes exportadores rurais – atendendo ao pedido da bancada ruralista, que venceu por 23 votos a 19, com apoio do PP, MDB e PTB. Com isso, os ruralistas continuam  isentos de pagar  2,6% de contribuição previdenciária sobre a comercialização de produto agrícola, desde que apenas parte disso vá para o exterior.

 

Grandes fazendeiros foram poupados

A mudança também facilita o perdão da dívida do Funrural, contribuição paga por grandes fazendeiros para custear a aposentadoria dos trabalhadores. Com o impacto, a economia prevista já deixa de ser R$1 trilhão e cai para R$ 980 bilhões. 

O presidente Jair Bolsonaro reafirmou ontem (4) sua “lealdade” à bancada ruralista, em café da manhã com deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária. “Como deputado, em 100 % das vezes votei acompanhando a bancada ruralista. E vocês sabem que votar com bancada ruralista é quase como parto de rinoceronte, recebendo críticas da imprensa, de organizações não governamentais e de governos de outros países”, afirmou. “Eu e Ramos (presidente da Comissão Especial da reforma da Previdência) devemos lealdade a vocês que nos colocaram no Palácio. Continuamos juntos”, concluiu ao fim do discurso.

O destaque foi o último item a ser aprovado na comissão. A PEC agora vai ao plenário, onde pode sofrer alterações. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) pretende aprovar o texto antes do recesso parlamentar, em 18 de julho. Para isso, precisa dos votos de 308 dos 513 deputados. Depois, a reforma vai para o Senado.

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V.L./L.L.