Ex-ministro da Educação define Future-se como “projeto preocupante”

Renato Janine Ribeiro defende a contratação via concursos públicos e afirma que Future-se provoca instabilidade no orçamento das instituições

 

O ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, é mais um especialista que se opõe à proposta do Future-se. Apresentado oficialmente no último dia 17, o programa está em consulta pública até dia 15 de agosto no site do MEC.

Em entrevista ao jornal O Globo, Janine afirmou que o projeto do MEC pode acabar “quebrando” as universidades e disse que o governo precisa ouvir as instituições antes de impor um plano. Ele também declarou que claramente há, por parte do governo, a intenção de se gastar menos dinheiro com educação.

Segundo Janine, a estratégia adotada pelo MEC com a proposta pode gerar insegurança ao orçamento das instituições e acabar desidratando áreas do conhecimento que não têm interesse de mercado. Para ele, o projeto é preocupante porque se concentra somente em setores da vida universitária, aqueles que podem ter repercussão empresarial.

“O projeto é silencioso sobre setores que não têm impacto nesse âmbito, como as ciências humanas e as ciências básicas. Há uma ingenuidade nesse projeto de achar que uma ligação maior com as empresas vai ser perfeita. Muita gente pensa: “Vamos parar com a pesquisa pura e fazer pesquisa aplicada”. Acontece que para chegar lá temos de ter muita ciência básica e pura.”, disse sobre o Future-se.

Em entrevista ao SISTAM-MS (Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Institutos Federais de Ensino de Mato Grosso do Sul), Janine declarou que, para o atual governo, a educação não “é algo auspicioso” e que a forma como ela está sendo tratada indica que não é apenas questão de contingenciamento de verbas. “É uma falta de projeto, uma falta de priorização, uma falta de empenho”, explicou.

Quando questionado sobre a contratação de professores para universidades federais sem concurso público, Janine explicou que os processos precisam ser melhorados e não extinguidos e que eles garantem a autonomia dos professores.

“Agora, aparentemente, o que se está nessa ideia [de contratar sem concurso], é a ideia de que você possa lidar com uma empresa em que você possa, com facilidade, nomear ou demitir as pessoas conforme o critério que interessa à empresa. Acontece que há várias razões que tornam isso inviável para uma universidade pública o primeiro é que aí sim você tem uma possibilidade de manipulação política muito grande”, disse. 

 

Leia as entrevistas na íntegra: Época / SINTA-MS

 


C.G/N.O