Iniciativa para debater Future-se precisa vir das universidades, afirma deputada

Margarida Salomão esteve na sede da Apufsc para discutir o programa federal e falar sobre cortes na educação 

A Deputada Federal Margarida Salomão esteve na última sexta-feira (16) na sede da Apufsc para falar sobre estratégias de enfrentamento contra cortes na educação e discutir o programa Future-se. Na terça feira, ela se reuniu com o ministro Abraham Weintraub, que garantiu o descontingenciamento progressivo no orçamento das universidades.  APG e Sintufsc também participaram do encontro. 

Segundo a deputada, o ministro da Educação garantiu que o descontingenciamento acontecerá a partir de setembro por conta de uma arrecadação maior que a esperada no valor de R$ 5 bilhões e mais um recebimento de dividendos das estatais no valor de R$ 12 bilhões.

Sobre o  Future-se, Margarida afirmou ser difícil fazer o debate “pois a proposta é imprecisa”. O programa se baseia na criação de um fundo privado para financiar as universidades federais no valor de R$ 105 bilhões. Cerca de R$ 51 bilhões do fundo serão referentes a aluguel ou venda de imóveis de universidades, porém, segundo a deputada, não é possível garantir que esses negócios sejam fechados no futuro. Inclusive, há universidades que não possuem patrimônio disponível para esse tipo de negociação, e que, portanto, não têm liquidez.

“Como o Congresso vai votar um fundo virtual? As propostas do MEC são virtuais”, questiona Margarida.

Durante a reunião com o MEC, o ministro Weintraub afirmou que a União não vai retroceder  no financiamento das universidades públicas, mas que os recursos propostos pelo Future-se serão adicionais aos orçamentos previstos anualmente.

A deputada, que já foi reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora e hoje é presidente da  Frente Nacional de Valorização das Universidades Federais, defende que é preciso conversar bastante sobre o Future-se com a comunidade universitária e com a população. Para ela, a iniciativa precisa vir das universidades, pois tanto no Congresso quanto no Senado poucos  políticos conhecem ou têm envolvimento com instituições federais de ensino, ou mesmo com a educação. Portanto, há desconhecimento profundo sobre a natureza e o funcionamento dessas instituições. 

Segundo a deputada, o ministro está travando uma guerra cultural contra as universidades não porque a universidade é de esquerda, mas por ser um lugar com pluralidade de conhecimento. “Esse conhecimento, consolidado socialmente pela ciência, não agrada e não se assemelha com a narrativa do governo”, afirma.

Assista abaixo trechos da conversa.

Manoela Bonaldo (texto) e Victor Lacombe (fotos)