O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu Moreira, disse no início da semana em Florianópolis, que o maior desafio da ciência brasileira, no momento, é sobreviver. Em conversa com jornalistas, após participar de um evento na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, o físico nacionalmente conhecido por suas pesquisas sobre popularização da ciência no Brasil, fez um alerta sobre o desmonte que o governo federal está promovendo na área científica. 

“Estão cortando drasticamente o recurso para ciência e tecnologia. A nossa principal agência pesquisa, o CNPq – que apoia bolsas desde o ensino médio, doutorado, pós-doutorado, pesquisadores, projetos de pesquisa em todas as áreas de conhecimento – ficará sem dinheiro em setembro. Então isso é dramático”, lamenta.

Moreira veio a Florianópolis para participar do 1º Seminário Catarinense “Escola é Lugar de Ciência” na  Alesc. Ele abriu a programação da tarde falando sobre “O papel da Ciência e outros saberes na Escola”.

“Política catastrófica”

As recentes medidas de contenção orçamentária impostas pelo governo federal vêm afetando cada vez mais os setores da educação no Brasil. No dia 15 de agosto o CNPq, uma das principais agências de fomento científico, anunciou o corte de 4.500 novas nomeações de bolsas, reflexo do seu déficit de R$ 330 milhões.

O Ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, admitiu que há chance real de mais de 80 mil pesquisadores perderem a bolsa de pesquisa a partir do próximo mês.

Para Moreira, essas medidas colocam em risco o esforço das últimas décadas para de incentivo à ciência brasileira. “É uma política catastrófica para o país. Os jovens já começam a deixar o país, estão ficando desestimulados, laboratórios estão sendo sucateados, parando de funcionar, não está havendo recomposição de pessoal qualificado nas instituições de pesquisa, as pessoas estão se aposentando e não tem ingresso de jovens e isso significa que a ciência está começando a ser desmontada. Todo um sistema nacional de ciência e tecnologia importante que o Brasil construiu”.

Mais de 600 professores e pesquisadores universitários, a maioria da rede pública,  participaram do seminário na Alesc. Iniciativa da Comissão de Educação da Assembleia, o seminário contou com a parceria da SBPC e do Fórum Estadual Popular de Educação e como apoio  da UFSC, UFFS, IFSC e Udesc.