Pesquisadora da UFRJ que ficou em 1º lugar na seleção do doutorado, agora está sem bolsa

A gestão Jair Bolsonaro anunciou esta semana o corte de mais de 5.613 bolsas de pós-graduação que seriam ofertadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a agência federal de fomento à pesquisa, a partir de setembro. O congelamento soma-se a outras 6.198 bolsas que haviam sido bloqueadas no 1.° semestre. A medida afeta todas as bolsas que seriam ofertadas até o fim deste ano – ou seja, se não houver desbloqueio de recursos, nenhum novo auxílio será concedido este ano. O governo diz que a decisão é justificada pelo cenário fiscal adverso.

Em entrevista ao Estadão, a pesquisadora e recém-aprovada no doutorado da Universidade Federal do Rio (UFRJ), Gabriela Pinheiro, de 25 anos, conta como foi surpreendida com o anúncio do congelamento do auxílio de R$ 2,2 mil que havia conquistado. “A seleção (para a bolsa de doutorado) foi no final de agosto. Passei em primeiro lugar. Normalmente, quem passa em primeiro fica com a bolsa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que é um pouco mais alta. Mas essa bolsa foi cortada e a secretaria me redirecionou para a bolsa da Capes. A bolsa já estava reservada para mim, mas foi cortada também”, lamenta Gabriela em depoimento a reportagem do Estadão.

Biomédica formada, Gabriela estuda o potencial do vírus zika no tratamento de tumores e já havia perdido a chance de ter uma bolsa do CNPq, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, que também tem sofrido com cortes de verbas em 2019. “Agora não sei o que fazer. Sem bolsa, não dá pra continuar. E o nosso projeto é de extrema importância para a saúde pública. Está cada vez mais difícil fazer pesquisa no Brasil”, diz.

Confira na íntegra: Estadão