Plataforma conecta cientistas para doação de reagentes

Rede criada por pesquisadores da USP permite que cientistas de todo o Brasil compartilhem insumos essenciais em meio à pandemia de coronavírus

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) criaram uma plataforma digital para o compartilhamento de insumos essenciais, que está se mostrando valiosa para abastecer laboratórios engajados no enfrentamento do novo coronavírus. Lançada no início de março, a SociaLab funciona como uma rede social de laboratórios, que cientistas podem usar para compartilhar reagentes e células uns com os outros, de forma gratuita.

O objetivo é atacar um dos problemas mais crônicos e debilitantes da ciência brasileira: a dificuldade para a obtenção de reagentes básicos de pesquisa, por conta do alto preço, do excesso de burocracia e da demora que isso gera para o recebimentos desses insumos, que são praticamente todos importados.

Não são raros os casos de projetos que precisam ser adiados ou descontinuados por falta de um ou outro “ingrediente”, sem o qual é impossível realizar os experimentos necessários.

Uma enquete realizada com 220 usuários da plataforma indica que 28% dos pesquisadores já desistiram de realizar experimentos por falta de reagentes, linhagens celulares ou outro material biológico. Outros 28% relataram já ter esperado até seis meses para obter os insumos necessários

No caso do coronavírus, a plataforma está sendo usada para facilitar a localização de insumos essenciais para o escalonamento dos esforços científicos de combate à epidemia. Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, que estão na linha de frente desse esforço, usaram o sistema nos últimos dias para encontrar reagentes que são indispensáveis para a realização dos testes moleculares de identificação do vírus, mas que estão em falta no mercado mundial, em função da demanda imposta pela pandemia.

“Estamos olhando com muito otimismo para essa iniciativa”, diz o pesquisador e diretor do ICB, Luis Carlos de Souza Ferreira. “Vejo como algo estratégico para a ciência brasileira”. A plataforma já tem mais de 50 laboratórios cadastrados, em mais de 20 Estados, com mais de 8 mil reagentes e 1 mil linhagens de células disponíveis para compartilhamento.

Leia na íntegra: Jornal da USP

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