Passagem de Weintraub pelo MEC deixa cenário de destruição

Saída de Abraham Weintraub é um grande alívio para a comunidade educacional brasileira, diz presidente da Apufsc

No dia seguinte à anunciada demissão de Abraham Weintraub do cargo de Ministro da Educação a palavra “destruição” foi repetida em diversos veículos de comunicação em suas análises sobre o ciclo que se encerra com a saída daquele que foi considerado o pior ministro da pasta que o Brasil já teve. “Economista que deixou rastro de destruição na Educação é indicado para cargo de pompa no Banco Mundial”, destacou a colunista Rosângela Bittar no Estadão.

“Weintraub promoveu agenda de destruição, avaliam entidades educacionais” é o título de uma matéria da Folha”. Após 14 meses à frente do MEC sem cumprir nenhum dos projetos anunciados –  nem mesmo as metas da Educação Básica, que era a sua bandeira – , Weintraub deixa para trás um cenário de terra arrasada em todos os níveis da Educação.

“Sua saída do MEC é um grande alívio para toda a comunidade educacional brasileira. Foi um péssimo ministro, como gestor só buscou destruir o sistema público de educação, o tempo todo atacou as escolas e universidades públicas, seus professores principalmente. Suas ideias autoritárias e linguajar chulo foram um péssimo exemplo aos jovens. Há um ano e meio o país não tem um ministro da educação, mais sim ministros inimigos da educação pública. Para um país que teve educadores como Anísio Teixeira e Paulo Freire, ter que conviver com o sr. Weintraub à frente do MEC nos entristeceu e causou revolta”, diz o presidente da Apufsc, Bebeto Marques. A preocupação agora é com o que virá pela frente, pois há muito a ser reconstruído. “Como esperar algo bom de um governo que só produz coisas ruins?”.

Entidades educacionais ouvidas pela Folha avaliaram que a marca deixada pela gestão de Weintraub foi a ruptura de diálogo do governo federal com professores, estudantes, redes de ensino e universidades.

“Temos questões urgentes que precisam ser resolvidas, como o orçamento para o próximo ano, e só esperamos que o próximo ministro entenda o papel e importância da rede federal de ensino. A gente não via isso com o Weintraub, que nunca defendeu nosso orçamento ou projetos para o nosso desenvolvimento”, disse Jadir José Pela, presidente do Conif (Conselho de Reitores dos Institutos Federais).

Reitores de universidades e institutos federais disseram à Folha que, “mais do que os ataques e ofensas, a inação do ministro para buscar soluções para os problemas do ensino superior é que prejudicou o desenvolvimento nos últimos meses.”

Na gestão Weintraub, destacou o Estadão:  “A universidade foi oprimida, criticada e financeiramente asfixiada. A autonomia, ameaçada. A pesquisa e a ciência, desprezadas.”

Contingenciamento de 30% no orçamento das universidades, acusação de “balbúrdia”, chacota com os professores com Dedicação Exclusiva  – “agora vou atrás da zebra gorda”, é assim que o pior ministro da Educação entra para a História.

Meta alcançada

A despeito do estado de abandono das ações da pasta, detalhado nas retrospectivas publicadas pela imprensa, o fato é que Weintraub cumpriu o papel que o presidente esperava dele ao colocar em pauta no MEC uma agenda ideológica, avaliam entidades educacionais como o Conif e  a União Nacional dos Estudantes (UNE).

“Sem nunca ter trabalhado com educação, Weintraub não estava no ministério por acaso, mas para cumprir um papel político, replicar o posicionamento ideológico do governo. Ele não olhou para as questões educacionais, mas cumpriu o papel que esperavam dele, transmitir uma mensagem política”, disse o educador Mozart Neves Ramos, do Instituto de Estudos Avançados da USP.

Demitido do MEC, Weintraub agora vai para o Banco Mundial. A colunista Rosângela Bittar analisa que ele “conseguiu um cargo de pompa e circunstância porque tornou-se um forte integrante do grupo “biológico”, o dos filhos de Bolsonaro, impropriamente apelidado de ‘ideológico’, pois a ideologia passou longe de todos eles”.  E no Banco Mundial  Weintraub deve continuar a cumprir, talvez de forma mais eficaz, o papel esperado pelo governo:  “poderá manter sua cidadela de ação nas redes sociais, com muito mais tempo disponível, e poderá provocar à vontade, fazer campanha eleitoral, e atuar em dobradinha com o guru Olavo de Carvalho”, diz Bittar.

Com informações da Folha de São Paulo e do Estadão