Moderado e apoiado por militares, Decotelli tem missão de distensionar relação com Poderes

Novo ministro da Educação adotou tom conciliador após indicação por Bolsonaro

Com perfil conciliador e técnico, Carlos Decotelli chega para comandar o Ministério da Educação como uma vitória de militares, na tentativa de buscar interlocução com os demais Poderes e a sociedade civil após a saída tumultuada de Abraham Weintraub.

O ex-ministro deixou o cargo após uma série de desgastes com o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso, onde se tornou desafeto do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Não à toa, Decotelli, o primeiro negro ministro do governo de Jair Bolsonaro, adotou tom conciliador nas primeiras palavras após ter a indicação confirmada pelo presidente Jair Bolsonaro.

“É o tom que eu sei fazer, vim para fazer o que eu sei fazer. O que eu sei fazer é sala de aula, é conversa, é gestão, é ajuste, é muito diálogo e construção de projetos a serem entregues para a educação. A minha prioridade será trabalho, trabalho, trabalho com gestão integrada”, disse em entrevista à CNN Brasil.

Foto: Luis Fortes/MEC

Pessoas da área de educação avaliam que a nomeação de Decotelli, o terceiro ministro da Educação do governo Bolsonaro, pode significar um distensionamento nas relações e uma reconstrução de pontes derrubadas por Weintraub e pelo antecessor, Ricardo Vélez.

​Sua escolha tem sido interpretada em Brasília como uma tentativa de diminuir a influência do escritor Olavo de Carvalho na pista.

Após passar para a reserva da Marinha, ele seguiu carreira na educação, sempre nos campos de administração e finanças. Passou parte de sua formação no exterior, realizando seu pós-doutorado na Alemanha e o doutorado na Universidade Nacional de Rosário, na Argentina.

O novo ministro foi professor da área de finanças na Fundação Dom Cabral e na FGV (Fundação Getúlio Vargas), além de ter lecionado e ter sido criador do curso de pós-graduação em finanças da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio Grande do Sul.

Na direção do FNDE, entre fevereiro e agosto de 2019, teve uma posição apagada e criticada por setores da sociedade civil ligados à educação. O fundo é responsável pela maioria das ações e programas relacionados à educação básica do país. No entanto, durante sua gestão, teve dificuldades até para levar adiante licitações para abastecer as atividades.

Decotelli é considerado próximo do próprio Bolsonaro. Integrantes do governo ressaltam sua lealdade em todos os momentos, mesmo quando afastado da presidência do FNDE e quando o governo sofreu baixas consideráveis, como a saída do ex-ministro Sergio Moro (Justiça).

Leia na íntegra: Folha