Em um mesmo dia, UFSC é aplaudida e repudiada por deputados catarinenses

Parlamentares votaram sobre duas propostas de moção; conheça  o teor de cada uma delas e confira como os deputados votaram

Nesta terça-feira (14), a Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) aprovou duas moções relacionadas à UFSC: uma de elogio, outra de repúdio. No primeiro caso, os deputados aprovaram, por 17 votos favoráveis, 7 contrários e nenhuma abstenção, moção proposta pela deputada Luciane Carminatti (PT) pela qual aplaudem  a UFSC pela nona colocação no ranking das melhores universidades da América Latina, divulgado pelo Times Higher Education.

No segundo caso, com placar de 13 votos a favor, 8 contra e uma abstenção, os parlamentares aprovaram moção de repúdio à UFSC “pelo uso do espaço oferecido pela Universidade para promover eventos políticos”, referindo-se a uma live promovida pela Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidade (SAAD) da UFSC sobre sexualidade. O autor desta moção de repúdio é o deputado Jessé Lopes (PSL).

Esta foi a segunda moção de repúdio de autoria do deputado Jessé Lopes aprovada pela Alesc no espaço de uma semana. No dia 7 de julho, o deputado já havia obtido a aprovação da casa à uma moção de repúdio ao reitor Ubaldo Cesar Balthazar  e à alegada “paralisação total” da UFSC.

Em  resposta aos parlamentares, publicada em 9 de julho, a diretoria da Apufsc enumerou os projetos de pesquisa da UFSC ligados ao combate da covid-19 e lembrou que a moção de repúdio foi aprovada na mesma semana em que a UFSC chegou à nona posição no ranking das melhores universidades da América Latina, divulgado pelo Times Higher Education. Na avaliação da diretoria do sindicato, “além de ter sido injusto ao personificar o repúdio na figura do reitor Ubaldo Balthazar e ao acusar a UFSC de uma paralisação total, o deputado Jessé demonstra, mais uma vez, seu desrespeito com a instituição, com seus 60 anos de história e com toda comunidade universitária”.

A nota da diretoria da Apufsc ressaltou ainda que  “é preciso reconhecer que as universidades federais de todo o país, incluindo a UFSC, enfrentam gravíssimos problemas de infraestrutura tecnológicas provocada pela falta financiamento e cortes orçamentários que hoje dificultam uma resposta ágil e responsável que lhes são cobradas. Nesse sentido, aqueles parlamentares e outras entidades da sociedade civil que hoje dedicam parte de seu tempo para atacar nossa universidade deveriam se dispor a ajudá-la agora e permanentemente”.

Na segunda-feira (13), em audiência com o presidente da Alesc,  Julio Garcia, o  reitor Ubaldo Cesar Balthazar entregou um ofício que lista as principais iniciativas desenvolvidas pela UFSC desde 18 de março, data em que foram suspensas as atividades presenciais. No documento, o reitor expressa “profunda decepção com representantes desse Parlamento que têm se servido do exercício de um mandato eletivo para ofender, agredir, desqualificar e imputar inverdades e leviandades à UFSC.”

Na ocasião, Julio Garcia garantiu ao reitor que a moção de autoria de Jessé Lopes não representa o posicionamento da Assembleia. “Reconhecemos, respeitamos a importância da UFSC e não concordamos com essa moção que foi aprovada”, ressaltou.

No texto da moção aprovada ontem, o deputado Jessé Lopes expressa repúdio à UFSC por “permitir que a Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidade (SAAD) por meio da Coordenadoria de Diversidade Sexual e Enfrentamento da Violência de Gênero (CDGEN) utilize a estrutura mantida com recursos públicos para publicizar a Live ‘Não-Binariedade: linguagens, tecnologias de gênero e (in)visibilidade dos movimentos LGBTQIA+’”. Um trecho da moção  diz que “o evento em comento tem viés político ideológico e não a real intenção de cultivar o respeito pelas pessoas, independentemente da sua sexualidade”.

Como destacou no NSC desta quarta-feira (15) a jornalista Dagmara Spautz, enquanto Santa Catarina ultrapassa 500 mortos por coronavírus, deputados discustem moção contra uma live. “Já seria uma intervenção indevida dos deputados em um ambiente de discussão democrática, mas fica pior: como os participantes da live estão em casa, não houve sequer recurso público empregado. A transmissão foi feita gratuitamente, por um canal aberto nas redes sociais”, escreveu. Para a jornalista, “a proposta não tem justificativa técnica e atende apenas ao apelo ideológico de uma parte dos deputados, mais preocupados com as bolhas das redes sociais do que com os catarinenses.”

Confira a íntegra da moção de repúdio pela realização de live sobre sexualidade

Confira a íntegra da moção de reconhecimento pela nona colocação no ranking Times Higher Education

Como votaram os deputados nas duas moções:

Reconhecimento pela nona colocação no Times Higher Education

Repúdio ao debate sobre sexualidade

Imprensa Apufsc