“Se dependesse de mim, retornava amanhã”, diz ministro da Educação sobre volta às escolas

Segundo Ribeiro, municípios estão recebendo recursos para garantir condições de segurança

Em audiência pública com deputados e senadores, nesta quinta-feira, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, defendeu o retorno imediato às aulas presenciais, mas ressaltou que a decisão não cabe à pasta. “Se dependesse de mim, retornava amanhã. Mas temos os riscos e temos que saber que o MEC [Ministério da Educação] não tem esse poder. A opinião do ministro é essa”, disse.

Segundo Ribeiro, embora a decisão final não seja dele, o governo federal está transferindo recursos para que os municípios providenciem as condições de segurança necessárias para a volta dos alunos às escolas.

“Estamos trabalhando para o retorno o mais breve possível. Para a gente pegar esse final de ano e deixar a criançada animada para o ano que vem. Sobre a noção de que ‘perdemos o ano’, acho que nada é perdido. Com todo respeito, quem perdeu a vida, perdeu o ano. Nós, que estamos vivos, alguma coisa nós aprendemos”, afirmou, ao mencionar, por exemplo, o desenvolvimento do conhecimento das ferramentas de trabalho a distância.

Sobre as perdas em termos didáticos, o ministro avalia que, com raras exceções, o Brasil está em linha com a maioria dos países, que ainda buscam formas de retomar as atividades presenciais. Na quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro reclamou do longo período sem aulas no Brasil, superior à média de outras nações.

“Deixa pra lá”

Durante a audiência, Ribeiro criticou a decisão do Colégio Pedro II, tradicional instituição de ensino federal no Rio de Janeiro, de suspender totalmente as atividades durante a pandemia. A direção da escola argumentou que 30% dos alunos não tinham condições de se conectar à internet e que não poderiam ser excluídos caso atividades a distância fossem oferecidas aos 70% restantes.

Ribeiro disse que a decisão do colégio foi “ideológica” e comparou a situação a um barco que está afundando e que, na ausência de coletes salva-vidas para 30%, deixa todos morrerem afogados. “É uma lógica incompreensível, que me entristeceu muito”, afirmou o ministro.

Ele não mencionou, entretanto, qualquer medida ou iniciativa para incluir os 30% dos alunos que não têm condições de assistir às aulas remotamente. “Vamos deixar pra lá, senão vou falar o que eu não devo aqui”, disse aos deputados e senadores que acompanhavam a sessão no Congresso.

Valor Econômico