Presidente do CNPq adverte que ‘ciência não é algo que se possa fazer sem dinheiro’

Evaldo Vilela alerta que cortes previstos para o orçamento de 2021 podem levar a enxugamento de bolsas e até a uma resposta reduzida da ciência à pandemia

Uma das principais agências de fomento à pesquisa do país, o CNPq pode ter até metade de sua produção comprometida caso o cenário orçamentário para 2021, que prevê o corte orçamentário de R$ 100 milhões,  não seja revertido no Congresso.

Segundo o presidente da agência, Evaldo Vilela, o corte de verbas pode comprometer o pagamento das 80 mil bolsas do órgão. Sua continuidade, diz ele, é fundamental para descobrir novos talentos e dar robustez à ciência brasileira. Além disso, a pandemia do coronavírus evidenciou a necessidade de manter laboratórios equipados.

Vilela reivindica um fluxo de verbas contínuo para os projetos de pesquisa: “Um ano tem um bom dinheiro, no outro não tem. Esse sobe e desce do fluxo do dinheiro mata muito estudo. Desestimula muito talento, muito pesquisador”.

O Ministério da Ciência e Tecnologia vai ter um corte de orçamento em 2021. Quais as perspectivas do CNPq em relação a isso?

O orçamento seria diminuído para o ano que vem em R$ 200 milhões, conseguimos reverter e temos uma diminuição de R$ 100 milhões, que é muito. O que nos preocupa é que este orçamento está dividido em duas partes. Uma delas, que já está garantida, corresponde mais ou menos à metade. A outra parte, em lei complementar, que é o condicionado que pode ser liberado dependendo da política econômica. Nunca foi tão grande, de R$ 600 milhões. No ano passado foi de R$ 60 milhões, e o Congresso nos liberou. Vai liberar este ano? Se não liberar é uma catástrofe, porque vamos rachar a pesquisa no CNPq à metade. A gente precisa de recurso, porque ciência não é uma coisa que possa fazer sem dinheiro E os níveis de financiamento da pesquisa no Brasil têm caído sistematicamente.

Fonte: O Globo