Moradores afetados por rompimento de reservatório de esgoto criticam falta de diálogo com a Casan

Professora da UFSC que está em Comissão de Atingidos da Servidão Manoel Luiz Duarte, destaca que Companhia não compareceu às reuniões para ouvir reivindicações

Ter condições mínimas para retornar para a casa e para conseguir trabalhar. É isso o que esperam os moradores atingidos pelo rompimento de um reservatório de esgoto tratado da Casan na Lagoa da Conceição, no último dia 25 de janeiro. Nesta semana, a Comissão de Atingidos da Servidão Manoel Luiz Duarte fez uma pauta de reivindicações a ser apresentada à Companhia. Mas, como explica a professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSC Andréa Zanella, que está entre representantes da Comissão, a Casan não compareceu às reuniões marcadas. “A resposta da Casan foi imediata para limpar a rua, mas não está ouvindo os moradores para saber as reais necessidades para voltarem para suas casas”, explica.

Ela conta que, entre os atingidos, há famílias que perderam não apenas casas e carros, como também as próprias condições de trabalho. É o caso de moradores que eram motoristas de aplicativo ou que trabalhavam com a venda de marmitas, por exemplo. Por isso, os moradores pedem por um auxílio emergencial, a ser pago pela Casan, para garantir condições de sobrevivência até o ressarcimento pelos prejuízos. Outra grande reivindicação é a assistência médica a longo prazo. “Qual é a garantia de atendimento à saúde a médio e longo prazos?”, questiona. “As pessoas entraram nessa água contaminada e os efeitos psicológicos pelo que aconteceu estão começando a surgir. Já há crianças que não querem voltar para a casa”, explica a professora.

Rompimento ocorreu no dia 25 de janeiro (Foto: Andréa Zanella)


Na última sexta-feira, a Casan também lançou um edital de adiantamento emergencial de até 10 mil reais. Os moradores expõem, no entanto, que há discordância quanto a esse valor ser já um adiantamento de ressarcimento e quanto a cláusulas que eximem a Companhia de responsabilizações futuras por danos ambientais e à saúde das pessoas.

“Se as pessoas que perderam a fonte de renda tiverem que usar esse dinheiro para sobreviver, elas estarão pagando pelo próprio prejuízo. Isso é de uma perversidade atroz, é abusar da condição de fragilidade dos moradores”, explica Andréa.

Andréa lembra ainda que não há como ter uma noção real de futuros impactos e que uma análise recente da UFSC, inclusive, alertou para os efeitos ambientais do desastre. No último dia 29, o biólogo e professor dos cursos de pós-graduação em Ecologia e Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Paulo Horta, informou que há uma grande quantidade de matéria orgânica, o que está provocando uma drástica redução dos níveis de oxigênio na água. Isso pode trazer problemas para os organismos que vivem no fundo da lagoa, como siris, camarões e linguados.

Após o não comparecimento da Casan em reuniões anteriores, os moradores solicitaram um novo encontro para a tarde desta quarta-feira (3).


Em notas publicadas no site da Casan, a companhia informa que análises da água realizadas neste dia 1 demonstram níveis de oxigênio adequados para a vida marinha. Além disso, é destacado o trabalho de limpeza da Companhia e os serviços de atendimento médico, social e psicológico oferecidos no local, e a oferta de alimentos e produtos de limpeza. A Casan também destaca o adiantamento emergencial de até 10 mil reais como um “recurso que servirá para auxiliar no retorno às residências recuperadas e dar suporte a moradores que estão impossibilitados temporariamente de trabalhar”.

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Contato para doações para os moradores atingidos
Thaliny Moraes
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Agência: 0001
C/C 7609744
PIX (celular) 48 99903-7364

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