Em manifesto, entidades pedem lockdown em Santa Catarina

Diante do agravamento da pandemia no estado, entidades alertam que o governo e prefeituras devem adotar medidas sanitárias realmente eficazes para reverter o cenário

Diversas entidades, movimentos sociais e organizações políticas divulgaram um manifesto em que defendem a adoção de medidas sanitárias consistentes e a aquisição de vacinas por parte das autoridades públicas do estado diante do agravamento da pandemia do novo coronavírus em Santa Catarina. 

Segundo o último boletim do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (Necat) da Federal de Santa Catarina divulgado nesta segunda-feira (1), entre os dias 19 e 26 de fevereiro, mais 31.831 novos casos e 350 mortes foram registrados. O estudo mostrou que as médias semanais móveis de novos casos e de óbitos são 79% maiores que as dos últimos 14 dias.

Diante do colapso do sistema público de saúde, com o aumento significativo de casos e mortes, os signatários alertam que é preciso deixar em funcionamento somente os serviços essenciais, com o objetivo de tentar barrar o crescimentos no número de casos. “É aterradora a situação nos hospitais, com profissionais da saúde no limite da resistência física e psicológica, já tendo que decidir quem vai pra UTI e quem fica na maca, quem morre agora ou daqui a pouco”.

“O Governo do Estado e os prefeitos estão sendo coniventes com a tragédia que se instala a olhos vistos. Seus decretos não passam de faz de conta, com medidas inócuas para enganar a população, seguindo o negacionista de Brasília e seu rastro de mais de 250 mil mortes”, diz um trecho do manifesto.

Além disso, os autores criticam o decreto do secretário de educação, que autoriza o retorno presencial das escolas no estado. Assim, reivindicam “o imediato fechamento das escolas, com reabertura apenas após a vacinação massiva da população”. 

Leia o manifesto:

Santa Catarina está vivendo o momento mais grave da pandemia da Covid 19. Os hospitais estão lotados, com pacientes entubados em emergências e nos corredores. Tem pessoas morrendo em casa por falta de vagas nos hospitais. Os números oficiais estão amenizando a gravidade da situação. 

As autoridades públicas (governador e prefeitos) estão sob o domínio dos interesses empresariais, atuando para salvar o lucro dos ricos em detrimento da vida da classe trabalhadora e do povo pobre. 

É aterradora a situação nos hospitais, com profissionais da saúde no limite da resistência física e psicológica, já tendo que decidir quem vai pra UTI e quem fica na maca, quem morre agora ou daqui a pouco. 

Não demora e teremos pessoas morrendo na rua, nas calçadas, sem conseguir acesso aos hospitais. 

O Governo do Estado e os prefeitos estão sendo coniventes com a tragédia que se instala a olhos vistos. Seus decretos não passam de faz de conta, com medidas inócuas para enganar a população, seguindo o negacionista de Brasília e seu rastro de mais de 250 mil mortes.

Ao invés de “salvar a economia”, esta postura vai levar Santa Catarina à pior crise de sua história, inclusive do ponto de vista econômico.

Passou da hora de parar tudo, deixando apenas os serviços essenciais em funcionamento, ou a tragédia vai crescer ainda mais. Urge a retomada consistente da fiscalização das medidas sanitárias, e com certeza a aquisição de vacinas pelo estado. É em meio a esse caos que o atual secretário de educação, empossado para rearranjar a política aos velhos moldes MDBistas, anuncia o retorno presencial, resultado do lobby que culminou na ALESC aprovando, em dezembro último, a educação como atividade essencial ENQUANTO DURAR A PANDEMIA. É assim que chancelaram, para 2021, este retorno caótico e marcado pelo medo da morte. Há um acordo, e não é para salvar a economia nem a nós.

As entidades, movimentos e organizações políticas que abaixo subscrevem defendem: 

– Imediato fechamento das escolas, com reabertura apenas após a vacinação massiva da população; 

– Fechamento do comércio de produtos não essenciais; 

– Suspensão do transporte coletivo, deixando apenas o necessário pra viabilizar os serviços essenciais;

– Proibição de qualquer evento social com a presença de público; 

– Maior suporte logístico aos hospitais e serviços de saúde;

– Fechamento de praias e parques; 

– Testagem em massa para toda a população; 

– Contratação de mais profissionais de saúde e maior proteção à sua atividade laboral; 

– Retomada do auxílio emergencial de pelo menos 600 reais até o fim da pandemia. 

– Aquisição de vacinas por parte do governo do estado

Santa Catarina, 25 de fevereiro de 2021.