Grave situação epidemiológica do País não permite retomada do ensino presencial, diz professora da USP

Em entrevista ao Jornal da USP, Lorena Barberia comenta nota técnica da Fundação Oswaldo Cruz e afirma que o ensino remoto deve ser visto como parte fundamental do planejamento da educação durante a pandemia

Em nota técnica divulgada no último dia 12, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o Observatório Covid-19 BR e a Rede Análise Covid-19 defendem, em concordância com nota técnica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que não é possível que as atividades presenciais nas escolas brasileiras sejam retomadas, devido à grave situação epidemiológica do País. 

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, a professora Lorena Barberia, do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, e uma das responsáveis pela nota, explica que esta foca em um monitoramento sistemático da pandemia e nas recomendações da Fiocruz para o retorno das atividades presenciais. “Sempre procuramos reforçar que não é que o ambiente da escola aumenta os riscos de transmissão, mas que estamos vivendo um momento da pandemia muito pior do que em 2020”, afirma.

Recomendações não foram seguidas

A nota técnica também detalha as recomendações da Fiocruz para a reabertura segura das escolas, destacando que “o Brasil não tem feito sequer o mínimo para aferir e implementar cada um [dos indicadores recomendados], como testagem, rastreamento, distribuição de equipamentos de proteção individual (EPIs) eficazes e reorganização do espaço e do cotidiano escolar”. A professora explica que a infraestrutura das escolas é fundamental para se avaliar a capacidade destas receberem os alunos, portanto, devem ser feitas adaptações para melhorar a ventilação e o distanciamento nos ambientes escolares, por exemplo.

Lorena explica que, como evidenciado na nota técnica, sabe-se que a pandemia tem momentos cíclicos e, eventualmente, há um maior risco de transmissão. Portanto, o ensino remoto não deve ser visto como uma alternativa excepcional, mas como parte fundamental do planejamento da educação durante a pandemia, integrado aos planos de ensino das escolas da rede pública. A professora destaca: “Está acontecendo um debate entre abrir ou fechar escolas, mas o ensino nunca fechou. Ele deve continuar, mas o presencial, neste contexto, não é possível”.

Acompanhe neste link a íntegra da nota técnica da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, do Observatório Covid-19 BR e da Rede Análise Covid-19.

Ouça na íntegra a entrevista: Jornal da USP