UFSC lança edição do prêmio Mulheres na Ciência – Especial Cientistas Negras

O prêmio tem como propósito estimular, valorizar e dar visibilidade às mulheres da UFSC que fazem pesquisas científicas, tecnológicas e inovadoras

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por meio da Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq), lança neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Prêmio Mulheres na Ciência – Especial Cientistas Negras da UFSC. As inscrições estão abertas e seguem até 8 de junho, pelo site

O prêmio tem como propósito estimular, valorizar e dar visibilidade às mulheres da UFSC que fazem pesquisas científicas, tecnológicas e inovadoras. O objetivo é divulgar as pesquisas e pesquisadoras, e assim inspirar a comunidade científica interna e externa nas diferentes áreas do conhecimento e contribuir para diminuir a assimetria de gênero na ciência.

Nesta edição em especial, o prêmio se dedica a dar visibilidade às pesquisas realizadas por mulheres cientistas negras, em reconhecimento pelas grandes contribuições pouco divulgadas.

“A ideia de tornar essa segunda edição do prêmio uma edição especial para as cientistas negras surgiu a partir de uma perspectiva de equidade: já está bem estabelecido que quanto maior a diversidade em grupos de pesquisa, maior o impacto científico da produção, oferecendo respostas mais robustas aos problemas pesquisados”, salienta a superintendente de Projetos da Propesq, Maique Weber Biavatti.

“Na primeira edição do prêmio, no ano passado, tivemos 72 inscritas, e apenas uma delas era autodeclarada negra. Sabemos que há mais docentes e pesquisadoras na UFSC que se enquadram neste perfil, portanto esta edição é importante para trazer esse recorte específico. Será uma forma de remover possíveis obstáculos nas carreiras das pesquisadoras e tornar a ciência feita na UFSC mais receptiva à diversidade, sendo que a ciência, infelizmente, ainda apresenta pouca diversidade”, ressalta a gestora da Propesq.

A Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidades (Saad) da UFSC auxiliou a Propesq na redação do Edital, e apoiou a ideia. Segundo a secretária da Saad, Francis Tourinho, é sabido o quanto a estrutura da sociedade influencia para que um número ainda pequeno de mulheres opte por carreiras na Ciência, e para as mulheres negras ainda é um caminho mais difícil. “Essas mulheres enfrentam a discriminação dupla: o racismo e o machismo. Por isso, reconhecê-las é uma forma de dar visibilidade e ainda de falar não ao racismo e misoginia na academia”, pontua a gestora, que é professora e pesquisadora na UFSC e também é uma mulher negra. 

“Eu vejo que estamos escondidas pela estrutura que a sociedade nos coloca, na posição de subalternidade. A importância de ter equidade, inclusão e diversidades no meio acadêmico chama para o destaque estas mulheres que fazem ciência, e que muitas vezes são invisíveis. Sou pesquisadora DT/CNPq [Bolsista de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora (DT), financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)] há algum tempo, mas quem aparece são as pesquisadoras brancas que recebem PQ [Bolsa de Produtividade em Pesquisa] e DT. Mesmo sendo DT, não será o suficiente. Por isso a relevância de um prêmio como esse, em meio à realidade incipiente de reconhecimento e incentivo na ciência”, complementa Francis.

O pró-reitor de Pesquisa, Sebastião Soares, lembra que, em 2021, quando da primeira edição, buscou-se inovar, premiando mulheres por seus resultados. Desta vez, ressalta o gestor, a Pró-Reitoria foi além. “É um caminho que escolhemos trilhar, de trazer a atenção para as questões de equidade na ciência, para além de investir e valorizar quem faz pesquisa na UFSC. Queremos trazer reflexão e consciência também na realidade que se enfrenta no ambiente acadêmico”, pontua.

O reitor Ubaldo Cesar Balthazar destacou o ineditismo de uma iniciativa como essa na UFSC. “Já era tempo de buscar reconhecer nossas cientistas com ações como o Prêmio Mulheres na Ciência. Além do reconhecimento pessoal e da divulgação de suas pesquisas, é uma pequena reparação que a UFSC pode oferecer às suas cientistas negras por anos em que se deixou de olhar para as nossas diversidades e como eram tratadas. Espero que essa iniciativa possa trazer mais visibilidade e incentive que tenhamos mais cientistas de destaque para a nossa universidade. Creio que seja muito simbólico que seja lançado no Dia Internacional da Mulher, uma data mundialmente marcada pela luta por equidade”, disse.

O Prêmio

A edição de 2022 do Prêmio Propesq Mulheres na Ciência tem inscrições abertas de 8 de março a 8 de junho de 2022. Podem participar mulheres pesquisadoras do quadro de pessoal permanente da UFSC, sejam professoras ou técnicas-administrativas em Educação. O prêmio será concedido em três categorias: Júnior (pesquisadoras que obtiveram seu doutorado após 31/12/2015); Plena (para aquelas que obtiveram seu doutorado entre 31/12/2000 e 31/12/2015); e Sênior (mulheres que que obtiveram seu doutorado antes de 31/12/2000).

Será selecionada uma pesquisadora por categoria, em cada uma das grandes áreas do conhecimento: Humanidades; Vida; Exatas e da Terra. A premiação consiste em um diploma e um vídeo, a ser realizado pela Agência de Comunicação (Agecom) e TV UFSC para divulgação científica. 

Podem propor indicações para o prêmio a própria interessada em concorrer; departamentos ou programas de pós-graduação da UFSC; ex-orientados ou orientandos da pesquisadora. O júri do prêmio será composto por cinco membros, presidido por um representante da Propesq, três pesquisadores do CNPq nível 1 externos à UFSC, e um representante da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc). Os membros do júri não devem ter histórico de colaboração ou laços familiares com as indicadas.

Cronograma

Período de inscrições: 8 de março a 8 de junho de 2022
Como se inscrever: siga o passo a passo no Portal de Atendimento Institucional
Divulgação das selecionadas: agosto de 2022
Cerimônia de entrega do prêmio: 11 de fevereiro de 2023

Fonte: Notícias da UFSC