Lei de Cotas: UFSC pretende ampliar política também para o ensino básico

Proposta já foi aprovada na Câmara de Graduação, na comunidade escolar e agora segue para votação do Conselho Universitário

Analisando o período de 2012 a 2022, 18.806 pessoas ingressaram na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em vagas reservadas para estudantes oriundos de escolas públicas. Destas, 4.544 entraram em cursos de graduação por meio de vagas destinadas a pretos, pardos e indígenas. No total, 194 pessoas se declararam com deficiência. Com o resultado bem sucedido da implementação total, em 2016, da Lei Nacional, e dos regulamentos próprios aplicados nos vestibulares feitos pela Coperve, a UFSC continua dando novos passos nas políticas afirmativas.

Em 2020, a universidade criou cotas flexíveis para os programas de pós-graduação. Por meio da Resolução Normativa 145, no mínimo 20% das vagas são reservadas para pessoas negras e indígenas e 8% para pessoas com deficiência e outras vulnerabilidades sociais. Além disso, cada curso tem liberdade para incluir novas cotas em seus editais. Esse é um passo imprescindível, segundo Maristela Campos, líder do Alteritas. “A pesquisa também precisa se abrir para esse campo, para que outras epistemologias, outros conhecimentos possam ser estudados e validados”.

Agora, em 2022, a UFSC está perto de ampliar a política de cotas para o ensino básico. A proposta de ações afirmativas tanto para o Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI) quanto para o Colégio de Aplicação já foi aprovada na Câmara de Graduação, na comunidade escolar e agora vai para o Conselho Universitário (CUn). “A gente trabalhou durante praticamente dois anos, pesquisando, levantando dados. Felizmente foi aprovado nos dois colegiados, nas duas unidades e agora tem essa última fase para que a gente já possa implementar no próximo edital”, conta Maristela Campos, que participou da pesquisa realizada pelo grupo Alteritas e que deu origem ao projeto.

Propostas como essa destacam o comprometimento da UFSC com a equidade. O professor Marcelo Tragtenberg defende que discutir a reserva de vagas para determinados grupos é fundamental para que a sociedade entenda a realidade em que vive. “A Lei de Cotas mostra que o Brasil ainda tem muita desigualdade”, conclui.

Karoline Bernardi
Imprensa Apufsc

 

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